O apelo foi publicado na página de Facebook do presidente do partido do "Galo Negro", Adalberto Costa Júnior, para quem o MPLA quer adiar "para futuro indeterminado" a institucionalização das Autarquias Locais.

Já na quinta-feira, a UNITA tinha acusado o Governo e o MPLA de "falta de seriedade nos compromissos perante as grandes causas do País", ao manter o dossier autárquico fora da agenda política nacional, "escudando-se na pandemia de covid-19".

"Prova concludente acaba de ser dada por Mário Pinto de Andrade, o secretário para os Assuntos Eleitorais do Bureau Político do Partido no poder, que veio a público confirmar o que a opinião pública já suspeitava, ao afirmar que Angola não tem condições para realizar as Eleições Autárquicas, por causa da pandemia da Covid-19", diz uma declaração do Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA que o Novo Jornal teve acesso.

Segundo o documento, Mário Pinto de Andrade "arrogou-se em contrariar os países africanos que já realizaram eleições, assumindo o maior anacronismo histórico que um porta-voz de um partido com assento na Assembleia Nacional pode exibir em Agosto de 2020".

"Em face disso, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA repudia e condena, categórica e veementemente, as declarações ligeiras, levianas e irresponsáveis proferidas por Mário Pinto de Andrade, que de maneira alguma devem ser vistas como inocentes ou ingénuas", refere.

"Elas vêm confirmar a pouca ou nenhuma vontade política de concretizar um pressuposto incontornável para o desenvolvimento das comunidades locais, a implementação das Autarquias Locais", acrescenta a declaração.

O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA entende que a covid-19, apesar de ser uma realidade no mundo e Angola em particular, "não deve paralisar a vida política do País".

"O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, e o seu Executivo precisam de ter a coragem de aprender com os bons exemplos de países como Cabo Verde, que, mesmo tendo neste momento mais infectados do que Angola, demonstra maior comprometimento com o bem-estar dos seus cidadãos", frisa o documento.

Para a UNITA "como prova disso, Cabo-Verde acaba de decretar formal e oficialmente, a convocatória das 8ª eleições autárquicas no Arquipélago, para Outubro de 2020, depois da auscultação que o Presidente da República de Cabo Verde fez junto dos Partidos Políticos e da Sociedade Civil".

De acordo com a UNITA, "Não dignifica nem prestigia os angolanos, que o nosso país seja o único da região da SADC que não realiza eleições autárquicas, quando líderes de países aparentemente menos capazes que Angola revelam-se mais comprometidos com as aspirações dos seus cidadãos".

"Negar as Autarquias Locais em Angola é tratar os angolanos como um povo menor e passar-lhe o certificado de cegueira, o que os angolanos refutam redondamente, por considerarem a inviabilização das autarquias, um dos sinais mais evidentes da ditadura", refere.

A UNITA, segundo o documento "assume que está pronta e determinada a tudo fazer junto e com todos os angolanos, fora de dentro do país, para que 2020, seja objectivamente o ano da definição e do compromisso nacional da realização das autarquias, antes das eleições gerais de 2022".