Numa mensagem de condolências pelo seu falecimento, por doença, terça-feira, em Paris (França), o MPLA considera a malograda como "insigne figura da intelectualidade e da cultura afro-caribenha".

Sarah Maldoror, escreve, integrou, ao lado do seu companheiro Mário Pinto de Andrade, o grupo de pioneiros dos movimentos da luta pela libertação do continente africano.

Entre as várias virtudes, realça o facto de a sua vida ter sido marcada pelo desejo de descobrir "o que pode estar por detrás das nuvens", característica que a habilitou a aprender a trabalhar em equipa e a ter um olhar permanentemente crítico ao serviço da luta contra as intolerâncias e as estigmatizações de todo o tipo.

O MPLA elogia também a dimensão cultural de Sarah Maldoror, enquanto eminente cineasta e precursora do cinema pan-africano, que teve na cultura um meio único de transformar as consciências e, consequentemente, para a conquista do progresso da sociedade.

Maldoror, que faleceu aos 91 anos, fundou, em 1956, a "Les Griots", primeira companhia de teatro composta por actores africanos e afro-caribenhos, norteada pelo espírito de reabilitar a História Negra e tornar conhecido pelo mundo os artistas e escritores negros e as suas obras.

Do vasto repertório que confirma a sua reputação de artista, destacam-se a curta-metragem "Monangambee" (1959) e a longa-metragem "Sambizanga" (1972).

Os filmes foram adaptados do conto "O Fato Completo de Lucas Matesso" e da novela "A vida verdadeira de Domingos Xavier", ambas obras de José Luandino Vieira, sendo o último filme amplamente reconhecido como uma das maiores obras do cinema africano, para além de uma série de documentários produzidos em França, onde passou grande parte da sua vida.

"Nessa hora de profunda comoção, o Bureau Político do MPLA, em nome dos militantes, simpatizantes e amigos do Partido, inclina-se perante a memória de Sarah Maldoror e endereça à família enlutada os seus mais sentidos pêsames", conclui a mensagem de condolências.