A crítica, que soa sob a forma de desabafo, é consensual entre os mergulhadores: há, sobretudo no sector petrolífero, uma "forte discriminação" contra quadros angolanos especialistas em mergulho.
Njiva, Tozé e João Tavira são nomes conhecidos no grupo restrito de mergulhadores angolanos com formação credível na actividade de mergulho. Contam décadas de convívio com as profundezas do mar. Tantos anos quanto o número de queixas sobre o estágio do sector no País.
Estes homens das águas profundas encontram, por isso, na paixão pelo mergulho, a principal razão de, até agora, não terem abandonado o «barco», mesmo diante de inúmeras contrariedades, naturais ou não. As críticas apontam para vários lados, sendo o mais sonante a "falta de valorização" dos mergulhadores angolanos entre as empresas que operam no segmento marítimo angolano.
Njiva Gomes dos Santos António, de 43 anos, 22 dos quais dedicados ao mergulho profissional, diz, sem rodeios, que se sente defraudado, apesar de ter cumprido um sonho de infância, o de ser mergulhador profissional.
"Aos expatriados compensa, e eu queria ser expatriado neste momento. Ser um mergulhador foi um sonho, mas um sonho infelizmente quebrado, por vários motivos, sobretudo pela questão da discriminação entre expatriados e nacionais", atira, desanimado, o nato do Cassenda, no distrito urbano da Maianga.
Apresenta indicadores que sustentam a sua tese. Fazendo fé aos números que avança, a diferença no tratamento salarial entre angolanos e expatriados com igual qualificação é acentuada: os primeiros ganham, em média, 400 dólares/dia, menos da metade que auferem os nacionais.
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