A Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA) continua à espera de uma posição do Governo sobre a prometida reciprocidade nas taxas aduaneiras nas fronteiras entre os dois países.

O Executivo prometeu no passado mês de Fevereiro, durante uma reunião com a ATROMA, quando os transportadores de mercadorias entre Luanda e Kinshasa fizeram greve por tempo indeterminado, para protestar contra as constantes alterações das taxas aduaneiras pelas autoridades congolesas, que no prazo de uma semana iria fazer sair um decreto que determinava a reciprocidade nas taxas aduaneiras nas fronteiras entre os dois países, o que até agora não veio acontecer.

Ao Novo Jornal, na altura, o presidente da ATROMA, António Gavião Neto, assegurou que finalmente o Executivo ouviu e atendeu o clamar dos transportadores que semanalmente atravessam a RDC para levar mercadorias para a província angolana de Cabinda.

Passados quase dois meses, nada mudou nos postos fronteiriços entre os dois países e os transportadores angolanos continuam a pagar os 4.000 dólares às autoridades aduaneiras da RDC, por cada entrada naquele território, ao passo que os congoleses continuam a pagar os 50 dólares.

O presidente da ATROMA assegura que os angolanos pagam por mês 120 mil dólares para entrar em território da RDC, enquanto os da RDC pagam apenas 1.500 USD, em Angola, e é esta a razão de fundo para o descontentamento dos profissionais da estrada que se deslocam entre Angola e a República Democrática do Congo (RDC).

"Nada foi feito até aqui! Há um silêncio das autoridades sobre o assunto. Pensávamos que resolveriam em 15 dias, mas não. Estamos a caminho do segundo mês e nada", lamentou um alto funcionário da associação, que assegurou que os camionistas ponderam voltar à greve ainda este mês, caso o Executivo não se pronuncie.

Ao Novo Jornal, alguns camionistas que fazem a rota Luanda/RDC-Cabinda contaram que face às reivindicações que fizeram no passado mês de Fevereiro, as autoridades congolesas não os têm poupado nas estradas daquele País, e que efectuam revistas demoradas em cada passagem.

"Não tem sido fácil, eles agora revistam-nos de forma excessiva por mais de três horas. Mesmo bem documentados, somos obrigados a deixar o produto que eles querem, aquilo tem sido um autêntico roubo e as nossas autoridades nada fazem para se reverter o quadro", contou um camionista, afecto a uma empresa do sector, que preferiu não ser identificado.

Ao Novo Jornal, a Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola diz não entender porque é que Angola permite que os transportadores congoleses paguem menos 3.950 dólares de taxa aduaneira, de cada vez que entram no seu território, visto que o volume de carga e a distância de percurso são iguais.