Várias centenas de angolanos estão nas duas províncias do Congo-Kinshasa que fazem fronteira com as províncias angolanas do Zaire e da Lunda Norte e, agora, com o agudizar da pandemia da Covid-19 naquele país, pretendem regressar.
No caso dos mais de 220 angolanos que estão na província do Kwango, segundo as autoridades da Lunda Norte, citadas pela Angop, são pessoas que procuraram os serviços médicos do país vizinho em Março e foram surpreendidas pela encerramento das fronteiras no âmbito do estado de emergência declarado para conter a expansão do novo coronavírus.
Da mesma forma, para averiguar o número de angolanos nestas condições do outro lado da fronteira, o Governo Provincial do Zaire iniciou na passada semana um levantamento do número de naturais desta província, retidos devido às restrições definidas por causa da pandemia e que estão, agora, à procura de forma de regressar, especialmente aqueles que estão na cidade congolesa de Matadi.
Em ambas as províncias angolanas as autoridades locais iniciaram contactos com as autoridades do país vizinho e em cima da mesa está a procura de soluções consensuais que permitam o repatriamento organizado das pessoas e também para garantir que esse repatriamento não sirva para que cidadãos de outros países que procuram chegar às zonas diamantíferas angolanas se infiltrem, refere ainda a Angop.
Nos grupos a organizar para o repatriamento estão cidadãos angolanos que foram surpreendidos pelas restrições impostas para combater a Covid-19 e também pessoas que habitam nas províncias fronteiriças congolesas e querem, agora, por várias razões, especialmente devido ao maior risco de contágio na RDC, país que já conta com cinco mil casos e mais de uma centena de mortos pelo novo coronavírus.
Mas, sem precisar o número, o governador do Zaire, Pedro Makita Armando Júlia, em declarações à imprensa na terça-feira, avançou que, de igual modo, há um grupo de cidadãos congoleses em território nacional estão à espera de condições para voltarem ao seu país.
O governador do Zaire falou ainda sobre a existência de "um risco iminente da propagação desta doença ao Zaire a partir da RDC", país que conta com um número bastante mais elevado de casos da infecção que Angola, alguns dos quais na província contígua.
Pedro Makita, nota ainda a agência, entende que a ausência de capacidade local para a testagem em massa da Covid-19 deixa as autoridades locais sem a verdadeira percepção da real situação no terreno em termos de possível prevalência do vírus.