A ERCA considera que a "postura" do apresentador "constitui uma violação aberta de todas as normas e princípios que regulam a liberdade de expressão e de imprensa em Angola".

Em causa estão declarações do apresentador durante o programa "Fala Angola", a propósito de uma alegada agressão a mulher angolana, Cláudia Simões, em Portugal por um polícia, no qual Salu Gonçalves recordou à comunidade portuguesa que, na luta pela independência, foram retirados do País "com catanas".

"Este conselho tomou igualmente nota do pedido de desculpas apresentadas posteriormente numa outra edição do mesmo programa, o que acaba por ser um reconhecimento pelo próprio da gravidade do seu desempenho", refere o documento.

Num vídeo publicado entretanto, Salu Gonçalves diz que "não houve incentivo à violência.

"Os portugueses que estão aqui fiquem à vontade", disse. E acrescentou: "Peço, não toquem nos tugas. Vamos viver como gente civilizada. Vamos deixar que a Justiça em Portugal se faça", acrescentou.

A ERCA refere ainda que não é a primeira vez que recebe queixas contra a postura do principal apresentador do programa "Fala Angola" da TV Zimbo, "que se destaca pela emissão de frequentes juízos pejorativos e unilaterais, o que constitui violação aos princípios éticos e deontológicos da actividade jornalística".

"O conselho directivo da ERCA deliberou recomendar ao referido apresentador do programa 'Fala Angola', em particular, e à direção da TV Zimbo, no geral, a exibição de programas noticiosos conformes à lei e à ética jornalística, sem prejuízo do bom nome, honra e reputação de pessoas singulares ou colectivas, que devem ter os seus direitos fundamentais salvaguardados", lê-se no documento.

O órgão regulador da comunicação social reforçou que não é papel dos apresentadores de espaços noticiosos enveredar pela judicialização de pessoas envolvidas em eventuais conflitos que chegam à imprensa, sendo certo que o papel de juiz é reservado aos tribunais.

"Aos jornalistas e apresentadores de espaços noticiosos cabe reportar os factos, sempre que necessário com o devido contraditório, evitando-se apriorísticos juízos de valor, condenações antecipadas e incentivos directos ou subliminares a práticas proibidas pela legislação em vigor", prossegue a ERCA na nota de imprensa, que termina salientando que "a objectividade, rigor, imparcialidade e isenção devem estar sempre presentes no exercício da comunicação social, como estipula a lei".