O hospital é uma instituição parceira do Ministério da Saúde desde 1997 e pertence à Obra da Divina Providencia (ODP), organização não-governamental nacional, sem fins lucrativos, vinculada à Igreja Católica, cujo objectivo social é oferecer assistência à população mais vulnerável.

Miranda Bambi André, director administrativo da Divina Providência, em declarações ao Novo Jornal Online, afirmou que o hospital compra água em camiões cisternas desde 2002, chegando a gastar semanalmente cerca de 325.000 kz na aquisição do equivalente a dez camiões cisternas para a sustentabilidade da unidade hospitalar.

"Antes da minha chegada, em 2002, nós tínhamos água da rede pública, e já lá vão 16 anos, já escrevemos várias vezes à direcção da EPAL e da Administração Municipal do Kilamba Kiaxi que nos dizem sempre que virão resolver o problema e nunca aparecem, não sabemos a quem mais recorrer e estamos há este tempo todo sem água", explicou.

O responsável disse não perceber como é que a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (Tocoista), bem ao lado, tem água suficiente da rede de distribuição para lavar os passeios com mangueira.

"O difícil nesta história é a total falta de compromisso e responsabilidade da EPAL e da Administração do Kilamba Kiaxi, que já foram por nós muitas vezes contactados para nos ajudarem nesta situação, uma vez que o hospital presta serviço de forma grátis à comunidade, e não são capazes de dar resposta a este problema", disse.

"Existe canalização nesta zona e no hospital também, mas não temos água, este ano ainda enviámos uma carta que não teve resposta, como sempre", lamentou o responsável.

Segundo Miranda André, os pagamentos das cisternas de água em termos de custos orçamentais são muitos elevados, principalmente em tempo de crise, uma vez que o Hospital Divina Providência não tem fins lucrativos, visto que é uma unidade feita para atender pessoas de baixa renda que pagam apenas um valor simbólico, que é apenas uma contribuição para gestão.

Vladimir Bernardo, porta-voz da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL), contactado pelo Novo Jornal Online, disse que é do domínio da EPAL a falta de água tanto no Hospital Divina Providência bem como nos arredores.

"O bairro do Golf cresceu consideravelmente com o surgimento de várias residências e, em alguns pontos, deixou de correr água, portanto, a solução passa pelo aumento da capacidade do reservatório e da ampliação do centro de distribuição do Golf 1".

"Em 2016, aguando do projecto de 600 mil ligações, alguns pontos receberam água com pouca pressão sobretudo na fase dos testes, mas, infelizmente, devido ao défice que se regista no centro de distribuição do Golf, estamos com dificuldades em distribuir água nesta zona e o pouco volume de água que entra para o centro, que faz com que ele não trabalhe 24 horas, não é suficiente para chegar ao ponto onde está o hospital".

Vladimir Bernardo disse ainda que paliativamente irão realizar algumas manobras para alterar o quadro, uma vez que as reclamações naquela zona são muitas, mas não deixou de frisar que a situação só ficará resolvida por completo quando se efectivar a ampliação do centro de distribuição do Golf 1, que por falta de recursos financeiros ainda não arrancou.

O Hospital Divina Providência tem cinco centros de saúde periféricos vocacionados para a atenção primária, uma unidade central de nível secundário com prestações polivalentes (Internamento de Medicina, Doenças Infeciosas, Pediatria, Centro Nutricional Terapêutico e de Seguimento, consultas externas, consultas especializadas, departamento de diagnóstico) e um centro para o tratamento de doenças infeciosas, como tuberculose e VIH/SIDA, de forma a dar uma resposta mais completa possível à demanda de assistência sanitária da área da Saúde.