O município do Kuvango é o que apresenta números mais preocupantes, com 28% da população (mais de 25 mil pessoas dos cerca de 94 mil habitantes) a sofrer de má-nutrição. Seguem-se a Jamba (mais de 35 mil pessoas em perto de 130 mil habitantes) e o Chipindo (quase 16 mil em pouco mais de 70 mil habitantes), com 22%.

As informações foram avançadas ao Novo Jornal Online por Regina Ndiwovanu, representante da Direcção Provincial da Saúde e chefe da secção dos cuidados primários, que afirma que estes números "são inaceitáveis numa província produtora de todos os alimentos necessários para uma alimentação equilibrada".

Falta de proteína e de hidratos de carbono são algumas das causas encontradas no terreno pela equipa que está a fazer o acompanhamento dos casos, equipa essa que Regina Ndiwovanu considera insuficiente.

A juntar a estes factores, o alcoolismo é apontado como um dos grandes flagelos, com "mães embriagadas logo às sete da manhã".

"Há necessidade de mobilizar psicólogos, especialistas no combate à droga, enfim, equipas multidisciplinares que possam fazer palestras de educação para a saúde", refere também a chefe da secção dos cuidados primários de saúde da Huíla.

Regina Ndiwovanu, que falou ao Novo Jornal Online à margem do 18º Encontro Nacional das Comunidades, que decorreu na semana passada no município do Caluquembe, contou que outro dos grandes problemas que afecta estas populações é que "a maioria das mães faz apenas uma refeição por dia, no máximo duas, e as crianças acompanham o calendário dos pais, sendo, assim, prejudicadas. Em 20 mães, apenas uma alimenta os filhos várias vezes por dia".

A responsável deixa uma nota positiva, a entrada de 83 médicos em Setembro, que já foram distribuídos pelos vários municípios, mas refere que faltam ainda muitos recursos humanos para que o panorama mude na província da Huíla.