Na rede social Twitter, Isabel dos Santos escreveu: "Hoje partilho convosco uma notícia triste e revoltante. Um jovem médico angolano foi preso pela polícia "que não distribui chocolates" pois ia a conduzir o seu carro e não estava usar a máscara p/Covid-19, e foi para esquadra e apareceu morto com sangue #casoDala".

Depois de as redes sociais terem sido o palco inicial da indignação generalizada e de a classe profissional dos médicos se ter igualmente manifestado de forma contundente, o Ministério do Interior acabou por emitir um comunicado onde confirmou a morte do médico Sílvio Dala depois deste ter sido conduzido à esquadra, localizada no Rocha Pinto, em Luanda, por conduzir a sua viatura, onde estava sozinho, sem máscara, e acabou por falecer, segundo a versão das autoridades, por causas naturais e não por agressão.

Alegadamente o médico pediatra, a trabalhar no Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, sucumbiu a um enfarte após ter chegado à esquadra dos Catotes, tendo a Polícia Nacional explicado que "minutos depois, apresentou sinais de fadiga e começou a desfalecer, tendo tido uma queda aparatosa, o que provocou ferimentos ligeiros na região da cabeça".

"Devido ao seu estado grave, foi levado para o Hospital do Prenda e no trajecto acabou por perecer", apontou a nota do MinInt, tendo, entretanto, fontes deste Ministério garantido que a autópsia confirmou que não ocorreu qualquer agressão.

Esta versão é posta em causa pelo Sindicato dos Médicos de Angola que a contraria de forma inequívoca, garantindo que Sílvio Dala foi mantido numa cela, depois de uma aparatosa queda que lhe provocou sangramento abundante alegadamente com sinais de ter sido golpeado na cabeça.

Publicamente, o porta-voz do Ministério do Interior, comissário Waldemar José, informou que a autópsia não revelou, de facto, quaisquer sinais de agressão e avançou que os familiares acompanharam os exames.

O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação Provincial de Luanda do Ministério do Interior, Hermenegildo de Brito, confirmou entretanto que a Polícia Nacional levou para a unidade da corporação o médico do Hospital Pediátrico David Bernardino, por conduzir uma viatura sem máscara facial, para o pagamento da multa prevista no Decreto Presidencial do Estado de Calamidade Pública.

E quando chegou "apresentou sinais de fadiga e começou a desfalecer" e que isso levou a uma queda aparatosa tendo-se ferido na cabeça, perdendo muito sangue e acabou por morrer a caminho do hospital.