Quem por lá passar não irá gostar nada da imagem que aquele espaço, que foi palco da proclamação da Independência Nacional no dia 11 de Novembro de 1975, agora apresenta.

O Largo da Independência, antes Primeiro de Maio, tem no centro a estátua do primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto, que proclamou a Independência.

Costa Tomás Lourenço, fotógrafo, que trabalha no largo há seis anos, disse ao Novo Jornal que em função do novo cenário que o largo apresenta, muitos casais e visitantes não mais aceitam posar no local para serem fotografados.

"Há quem aceita, mas a maioria, não quer. E quem aceita são aqueles que preferem usar os jardins que de noite escondem o lixo e as partes secas das plantas", contou.

Lázaro André, munícipe de Luanda que diariamente trafega pelas redondezas, narrou que o cenário tem sido assim nos últimos meses, lamentando que o 1º de Maio seja esquecido nos meses em que não há feriados e datas comemorativas.

"É quase sempre assim, o Governo Provincial de Luanda só olha para o largo quando há datas comemorativas. Mas eu, como cidadão, não percebo como um largo destes fica com águas verdes e lixo", referiu.

"Irei casar nos próximos dias, quis tirar fotos aqui porque sempre desejei, mas infelizmente não o farei porque o cenário hoje é muito diferente. Está sujo e assim não vai dar", lamentou Simão José, que tanto queria posar para a fotografia no Largo da Independência.

Sobre o assunto, o Novo Jornal contactou o director dos serviços comunitários da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda (CACL), Sílvio Alvarenga, que fez saber que o triste cenário que o Largo da Independência apresenta é devido à falta de verbas, mas garantiu que tudo está a ser feito para que o local volte a apresentar uma boa imagem.

O responsável pelos serviços comunitários da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda lamentou o facto de muitos cidadãos não preservarem o local.

"Há pessoas que vão tomar banho nos repuxos e os danificam, outros roubam as plantas e os materiais eléctricos. É muito frequente esse acto de vandalismo. As bombas e o sistema eléctrico são furtados, chegando ao ponto de o pavimento ser danificado e de os meliantes deixarem os repuxos num estado de insalubridade extrema", contou.

Sílvio Alvarenga revelou que a Comissão Administrativa da Cidade de Luanda está a fazer um levantamento para revitalizar o largo que contém o monumento do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.

"O novo levantamento visa projectar o largo como deve ser, para que as águas possam circular e não termos muitos gastos com a manutenção", referiu.

Segundo Sílvio Alvarenga, o sistema de funcionamento do largo da independência é antiquado e já não se enquadra nos tempos actuais.

Os repuxos, conta Sílvio Alvarenga, ainda são abastecidos por camiões cisternas, quinzenalmente, e "a CACL não tem verbas para custear tais as despesas".

Questionado sobre o tempo que a péssima imagem que o largo apresenta prevalecerá, o responsável não soube precisar.

De salientar que, só no ano passado, entre Janeiro e Novembro, soube o Novo Jornal, a CACL gastou mais de 10 milhões de kwanzas na recuperação das bombas dos repuxos e de todo o sistema eléctrico do Largo da Independência.

O Largo da Independência, Ex- 1º de Maio, inaugurado em Setembro do ano 2000, é o epicentro de várias manifestações em Angola e é também o palco da proclamação da Independência Nacional em 11 de Novembro de 1975.