Inúmeros casos de abandono de nados-mortos têm-se registado na morgue do Hospital Geral de Luanda (HGL), localizado no município de Belas, no distrito urbano da Camama. O facto preocupa os responsáveis da referida instituição, que até ao momento tem o registo de 90 casos de abandono.

De acordo com Jacinto João Ndala, um dos responsáveis da morgue do HGL, depois do parto e depois de ser declarado o óbito, muitos familiares abandonam os seus entes queridos, deixando, deste modo, toda a responsabilidade para a direcção do hospital.

"Esse é um problema sério que vivemos aqui na instituição. Só para se ter noção, muitos nados-mortos estão nas gavetas das nossas câmaras mortuárias há mais de quatro anos, e os familiares simplesmente fugiram das suas obrigações de realizar os enterros", contou, pormenorizando que muitos ainda vão mais longe ao alegarem que a responsabilidade dos funerais é do Governo e não deles.

"O bebé é carregado no ventre da mãe nove meses, durante o processo do parto. Por qualquer situação, falece, e é da responsabilidade do Estado fazer este funeral?", questiona-se, lamentando tal comportamento.

O também maqueiro (responsável por carregar os cadáveres até à morgue) deu a conhecer ao Novo Jornal que já remeteram algumas cartas ao Ministério da Saúde (MINSA) e ao Governo Provincial de Luanda (GPL), no intuito de se fazer a transladação dos corpos para morgue municipal ou provincial para que se realizem os enterros, mas, até ao momento, aguardam por respostas.

"O hospital não pode realizar os funerais sem o consentimento das entidades máximas [MINSA e o GPL], por isso continuamos à espera das respostas das cartas para se dar o devido tratamento aos mais de 90 nados-mortos que estão em duas gavetas, das nove existentes na nossa morgue", enfatizou, apelando mais sensibilidade por parte da sociedade.

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