No âmbito desta mega operação policial contra a criminalidade, que se centrou em alguns dos bairros e municípios mais problemáticos de Luanda, entre estes estão o Cazenga, Viana, Belas ou Cacuaco, para além das 246 detenções, foram apreendidas ainda cerca de 40 armas de fogo, dezenas de armas brabcas, viaturas automóveis e motorizadas.

A operação "Tigre" foi desencadeada pela PN em Maio e decorre envolvendo as várias valências das forças policiais, como a PN, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) e algumas unidades especiais de polícia.

Na 1ª fase desta mega operação, realizada entre 18 e 25 de Maio, foram detidas 216 pessoas, incidindo na captura de membros de gangues considerados perigosos com actuação confirmada em Luanda, e nos suspeitos de roubo e furto de viaturas, assaltos a residências e a cidadãos, na via pública, bem como violações sexuais.

Entretanto, embora não seja claro que o episódio ocorreu no âmbito desta operação, a morte à queima-roupa de um alegado delinquente por um agente do SIC, e filmado por uma cidadã, que motivou uma vaga de críticas e de apoio entre a população angolana, na sexta-feira passada - já estava em curso a operação policial -, levou a ONG internacional Human Rights Watch (HRW) a divulgar um comunicado onde defende uma "investigação urgente" ao sucedido.

Considerando que se tratou de uma "execução sumária" aquilo que se vê no vídeo transposto para as redes sociais, a HRW entende que "a polícia angolana tem a responsabilidade de combater o crime dentro dos limites da lei e aqueles que não o fazem devem ser punidos".

Dewa Mavhinga, diretor da Human Rights Watch na África Austral, com sede na África do Sul, disse, sobre este caso, citado pelas agências, que a "aparente execução a sangue-frio do suspeito requer que as autoridades angolanas investiguem de forma rápida e imparcial os membros da unidade de investigação criminal e processem adequadamente qualquer irregularidade".

Recorde-se que esta "execução" foi comentada pelo Ministério do Interior, que sublinhou ter sido a consequência de uma operação policial de combate ao crime violento, onde uma brigada do SIC perseguiu um grupo de marginais no contexto de uma troca de tiros.

O MININT considerou, todavia, que os disparos sobre o indivíduos foram injustificados porque este estava imobilizado e não oferecia perigo nem para os agentes nem para a população, tendo sido ordenada uma investigação, antes desta ter sido exigida pela HRW.

Esta alegada execução sumária esteve na base de uma discussão alargada na sociedade angolana, essencialmente através das redes sociais, onde a esmagadora maioria da população se colocou ao lado do agente do SIC que procedeu aos disparos sobre o delinquente.

Mas, de igual modo, não foram escassas as chamadas de atenção para o facto de este tipo de comportamento policial poder abrir uma "caixa de Pandora" cujas consequências não são mensuráveis no imediato, bem como surgir à primeira vista como um claro atentado aos direitos humanos.