Yuri Calau, que trabalhava na Palanca TV como repórter, foi baleado com arma de fogo equipada com silenciador e com munições de incendiadas, segundo descreveu ao Novo Jornal fonte do SIC-Viana, que, entretanto, assegurou que o processo-crime nº 2343/2017 "se encontra parado por falta de elementos de prova que possam desvendar e esclarecer este crime que continua com a autoria desconhecida".
Na data dos factos, segundo o jornalista António Miller, ex-colega da vítima na Palanca TV, o crime aconteceu no bairro Caop C, município de Viana, quando três elementos invadiram a residência onde Yuri Calau vivia com seis membros da sua família.
"Eles (os meliantes) entraram no quarto dele e não lhe deram a oportunidade de falar. Um dos meliantes manobrou a arma e logo de seguida fez dois disparos à queima-roupa, de bala incendiada, no ombro esquerdo do Yuri Calau", conta o repórter, que acorreu ao local pouco depois da tragédia.
Segundo Miller, que obteve o "filme dos acontecimentos" dos familiares da vítima, os bandidos pensaram que Yuri já estava morto, e, por isso, deixaram-no estendido no quarto e foram embora.
Os familiares de Yuri ainda clamaram por ajuda aos vizinhos, mas ninguém quis prestar auxílio devido ao terror que se vive naquela zona, situação que terá precipitado o desfecho fatal.
"O Yuri perdeu muito sangue enquanto esteve caído no quarto e só foi socorrido depois de os delinquentes abandonarem a residência", reconstitui o jornalista, adiantando que os familiares levaram a vítima baleada para o Hospital do Capalanga, de onde foi evacuada para o Américo Boa Vida.
"Submetido a uma intervenção cirúrgica, não resistiu, e acabou por falecer às 4:00 da manhã do dia 19 de Janeiro de 2017", recorda António Miller.
Ernesto Samaria, jornalista na Rádio MFM, outro dos amigos da vítima que acorreram ao local do crime, garantiu ao Novo Jornal que no dia do crime contactou o subcomissário Francisco Notícia, na altura comandante municipal de Viana da Polícia Nacional (PN) e também testemunhou as perícias policiais realizadas no local do crime.
"Pensámos que naquele momento haveriam de fazer diligências na tentativa de encontrar os presumíveis assassinos, mas não vimos nada. Estamos todos tristes com esta situação", reforça Ernesto, que recorda Yuri Calau como "um puto porreiro, inteligente e humilde".
Ernesto Samarias acredita que o assassinato de Yuri Calau foi encomendado e lamenta a pouca acção das autoridades no caso que culminou com a morte de um jovem que ainda tinha muito para dar.
"Isso nos deixa muito tristes porque o rapaz era uma pessoa de bem, nunca se tinha envolvido em crime nenhum e, até agora, acreditamos que o crime tenha sido encomendado", afirma, sublinhando que apesar de aquela zona ser uma zona complicada em termos de crimes, nunca tinha existido um homicídio com recurso a arma de fogo.
"O nosso amigo e colega morreu, e até hoje não sabemos quem o matou, o crime não está esclarecido, continuamos à espera que o Serviço de Investigação Criminal prossiga com a investigação e venha um dia esclarecer", finalizou.