"O general 'Zé Maria' está sentado no banco dos réus enquanto militar, e, como tal, deveria ter acatado as ordens do Comandante-em-chefe das Forças Armadas Angolanas, optando por não o fazer", declarou o representante do MP nas alegações finais que estão a decorrer no Supremo Tribunal Militar (STM), no interior das instalações do Comando do Estado-maior do Exército.

De recordar que a segunda sessão do julgamento, a 13 de Setembro, ficou marcada pela recusa do ex-chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM) em aceitar, perante o juiz da causa, que deveria entregado os documentos militares, onde se incluem os referentes à batalha do Cuíto Cuanavale, ao seu substituto, o general Miala, após ter sido exonerado, sem que antes houvesse uma reunião entre João Lourenço e José Eduardo dos Santos.

"Os documentos pertencem ao camarada José Eduardo dos Santos, não ao Estado", respondeu 'Zé Maria', quando questionado pelo juiz do processo sobre as razões que o levaram a desviar documentos classificados como sendo de caractér militar.

De acordo com o antigo chefe da secreta militar angolana, quando o general Miala foi ao seu encontro e pediu os documentos, não fez a entrega dos mesmos porque o general Miala não se fazia acompanhar do título executivo assinado por João Lourenço.

"E também porque foi José Eduardo dos Santos que me deu o dinheiro para a recolha dos dados que vieram a constituir os documentos", referiu.

Questionado pelo juiz se o dinheiro pertencia a José Eduardo dos Santos ou aos cofres do Estado, o arguido respondeu que o ex-Presidente da República tirou dinheiro do seu bolso, pedindo-lhe para reconstituir a batalha do Cuíto Cuanavale porque não queria morrer sem deixar aos jovens a história do maior confronto militar da Guerra Civil Angolana.