A decisão, que vem explicada numa acta datada de 21 de Dezembro de 2020, é baseada no ponto dois do artigo 3.º do regulamento do referido prémio literário, que determina, entre outros aspectos, que as obras a concurso sejam "inéditas".

O escândalo de plágio «rebentou» em meados de Dezembro do ano passado, quando o brasileiro Paulo Cantarelli, em texto publicado no Facebook, acusou o angolano Lourenço Mussango de lhe ter "roubado" parte do conto «Serena» para compor o «Mulher Infinita», um conto do livro com o mesmo título e com o qual o autor nacional se sagrou vencedor do Prémio Literário António Jacinto.

Contudo, apesar da denúncia pública, o Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas, órgão do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA), entidade promotora do prémio, ainda não se pronunciou publicamente sobre o assunto.

E como o regulamento do prémio é omisso quanto ao procedimento a tomar em caso de anulação motivada por plágio, o dossier pode «subir» para os tribunais, até porque, além de o autor brasileiro ter prometido levar o processo às últimas consequências, o MCTA já entregou a Lourenço Mussango o cheque em kwanza equivalente a cinco mil dólares e publicou mil exemplares da obra laureada.

Ao ser declarado vencedor da edição de 2020 do Prémio Literário António Jacinto, cujo júri foi integrado, entre outros membros, por Joaquim Martinho (presidente) e Domingas Monte (secretária), Lourenço Mussango fora elogiado por apresentar um texto "cujo pendor imaginativo e processo criativo recria, com subtileza, temas e cenários do quotidiano com laivos intertextuais, tendo a mulher como o cerne da narrativa".

O Prémio Literário António Jacinto existe desde 1993 e é destinado a jovens angolanos sem obra.