O Instituto Nacional da Criança (INAC) registou, em todo o país, 1.427 casos de violência contra a criança - fenómeno social e de saúde pública que pode ser física, sexual, emocional ou psicológica -, com maior índice nos casos de fuga à paternidade, com 677 ocorrências, e trabalho infantil, com 299.
No total, foram denunciados 1.069 indivíduos, dos quais 135 são efectivos das Forças Armadas Angolanas (FAA) e 189 da Polícia Nacional, representando cerca de 30 por cento das queixas. A informação foi avançada, esta semana, pelo director-geral do INAC, Paulo Kalesi, em entrevista ao Novo Jornal.
"É uma situação preocupante, uma vez que contamos com os mesmos para prevenir e combater a violência contra a criança, sobretudo no que concerne à fuga à paternidade.
Apesar disso, existe uma grande articulação, coordenação e colaboração com responsáveis dessas instituições e tudo tem sido feito para responsabilizar os infractores a partir das unidades ou esquadras em que se encontram colocados", explicou Paulo Kalesi.
Segundo aquele responsável, o assunto já é do conhecimento de magistrados das salas de família dos tribunais provinciais, do Serviço de Investigação Criminal (SIC) assim como de juristas e psicólogos afectos aos centros de aconselhamento familiar.
"Estamos todos preocupados pelo facto de existir um número considerável de efectivos da Polícia e das FAA envolvidos em fuga à paternidade. Na base de dados do INAC temos os nomes dos mesmos, os números de identificação, as unidades ou esquadras a que pertencem, os contactos telefónicos, as cópias das convocatórias dirigidas aos seus superiores hierárquicos para autorizarem as dispensas e, em muitos dos casos, temos cópias dos passes de serviços", sublinhou o director-geral do INAC.
Além dos polícias e militares que representam o grosso das denúncias, no relatório do INAC constam também outras classes dentro da sociedade civil com históricos de violência contra a criança. Fala-se de um universo de 745 indivíduos denunciados entre Janeiro e Abril.
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