Como o NJOnline constatou nas primeiras horas de hoje, cerca de uma dezena de órgãos de comunicação social, nacionais e estrangeiros, enviaram equipas de reportagem para as imediações da Prisão Hospital, onde, desde sexta-feira, está o antigo ministro dos Transportes, e, desde ontem, segunda-feira, o ex-Presidente do FSDEA, José Filomeno dos Santos, filho do ex-Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.

Recorde-se que, juntamente com o ex-chefe do FSDEA, foi também detido Jean-Claude Bastos de Morais, o homem de confiança de Filomeno dos Santos que estava responsável pela gestão de 3 mil milhões dos 5 mil milhões de dólares do FSDEA, tendo, no entanto, sido colocado na prisão de Viana.

Como explicou a Procuradoria-Geral da República, estas detenções preventivas ocorreram porque, "da prova recolhida nos autos, resultaram indícios suficientes de que os arguidos incorreram na prática de vários crimes, entre eles: o de associação criminosa, recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio", lê-se no comunicado de imprensa entretanto divulgado pela PGR.

A medida de coacção pessoal de prisão preventiva é ainda justificada "pela complexidade e gravidade dos factos".

Também o ex-ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, foi detido preventivamente na tarde de sexta-feira, indiciado dos crimes de peculato, corrupção, branqueamento de capitais, entre outros, puníveis pela Lei 3/14, de 10 de Fevereiro, clarifica a Procuradoria-Geral da República em comunicado.

Ao nome do ex-ministro junta-se o de Rui Manuel Moita, ex-director geral adjunto para a área técnica do Conselho Nacional de Carregadores (CNC).

Esta deslocação de meios técnicos e humanos dos media para as portas da prisão do São Paulo, bem como de dezenas de populares, tem por detrás a possibilidade admitida e fortemente comentada nas redes sociais, embora sem quaisquer dados oficiais que as corroborem, de que novas detenções podem estar a acontecer para breve.

João Gomes, primo do ex-ministro Augusto Tomás, um dos seus vários familiares presente no local, disse ao NJOnline que a família e os amigos "vão exigir que a PGR apresente as provas que diz ter e que o comprometem".

"Não vamos desistir, porque esta detenção é muito injusta e só foi preso por perseguição política do Presidente da República", porque, disse ainda, o seu primo saiu de Cabinda para Luanda por convite do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Satisfeito com esta situação estava, ainda durante a manhã de hoje, Alberto José, estudante universitário, um dos muitos luandenses que se deslocaram hoje para a zona do São Paulo, onde está a Prisão Hospital, porque "finalmente se está a ver trabalho da justiça" e louvou o trabalho do Presidente João Lourenço.

"Nunca sonhei que este dia pudesse chegar, que pudesse ver os grandes do MPLA na cadeia", disse, sublinhando que é "fundamental levar estes processos todos até ao fim" porque se assim não for, "será difícil voltar a acreditar na justiça".

Por outro lado, Pedro Emanuel, funcionário público, entende que "não basta meter pessoas na cadeia", vai ser preciso "acompanhar tudo até ao julgamento" porque "podem voltar a usar a sua influência" para escaparem.

O NJOnline confirmou no local que alguns familiares de José Filomeno dos Santos estiveram ontem à noite no estabelecimento prisional.

E que Augusto Tomás também foi visitado pela sua mulher.