Fernanda Renée, rosto que se vai afirmando no quadro de projectos ambientais no país, é quem comanda a iniciativa, e, à semelhança de outros programas sob sua alçada, diz ter sido movida pelo sentimento patriótico.

"O nosso país está a ser invadido por um inimigo invisível. Todos temos que nos juntar para o combater. É este espírito patriótico que norteia a iniciativa. Estamos a produzir sabão para oferecer a famílias carentes, de modo a se protegerem do coronavírus", explica a engenheira, recentemente homenageada pela União Africana, pela sua iniciativa de requalificação de mangais no litoral angolano.

Bairros como Kenguela e Lixeira, na capital do país, foram os contemplados nessa primeira fase de distribuição do sabão reciclado pela AmbiReciclo, empresa que opera no segmento ecológico há já quatro anos.

Renée não quer levar a iniciativa a outras províncias. Tem razões óbvias: "Levar a outras províncias significa que a doença está a espalhar-se e isso é o que mais queremos evitar".

A mentora do projecto informa ao NJ que, até quarta-feira, 25, a iniciativa havia recebido de vários doadores mil litros de óleo usado e quantia monetária que serviu para aquisição de soda cáustica, materiais usados para produzir sabão.

Grande parte do óleo usado foi recolhida

por parceiros como Kubinga e Tupuca a partir de grandes superfícies comerciais. O serviço de transportes e a fonte de fornecimento do produto podem estar com as actividades comprometidas. O país entrou nesta sexta-feira, 27, em estado de emergência.

Nada, entretanto, suficiente para que Renée recue: "Vamos lutar para continuar com o programa, nem que, para tal, compremos óleo virgem. Estamos abertos a receber apoios".