"Por unanimidade, os trabalhadores da RNA decidiram suspender os trabalhos em todas as áreas, desde os conteúdos, noticiários, entretenimento e programas, a partir do dia 29, à meia-noite", disse ao NJOnline o coordenador do Sindicato dos Jornalistas da Rádio Nacional de Angola, Africano Neto.

Aquele sindicalista afirmou que, apesar do Presidente da República ter autorizado o aumento salarial de todos os trabalhadores da RNA, a direcção não cumpriu.

"O Presidente da República, João Lourenço, cuja decisão aplaudimos, orientou um reforço orçamental no valor de 178 milhões de kwanzas para vários departamentos ministeriais, mas o nosso espanto é que, na hora da divisão do dinheiro, o conselho de administração decidiu excluir a maioria dos membros desde órgão e vários funcionários", explicou.

"O PCA da RNA, Marcos António Quintino Lopes, e o administrador executivo para Administração e Finanças, Fidel José Adão da Silva, acharam-se no direito de dar o dinheiro a quem eles entendessem", continuou Africano Neto, acrescentando que "isso criou um descalabro total no enquadramento salarial dos funcionários".

Africano Neto diz lamentar que trabalhadores que estão há mais de 30 anos na RNA continuam a ganhar mal, em detrimento dos novos funcionários, que estão a ser bem remunerados, e que só estão há menos de dois anos na instituição.

"Eles estão a ganham entre 300 a 400 mil kwanzas por mês, ao passo que os antigos estão na ordem dos 80 e 90 mil kz", declarou.

As más condições salariais da única rádio pública de difusão em Angola têm sido amplamente divulgadas, sobretudo quando vários profissionais, como Celestino Gonçalves, António de Sousa e Salu Gonçalves, abandonaram definitivamente a emissora.

Entre as reivindicações dos funcionários da RNA está a definição de um salário mínimo para a classe jornalística de 180 mil kwanzas, a criação de melhores condições de trabalho, a definição de critérios para a atribuição de salários e a transparência nas receitas publicitárias.