Muito longe da azáfama de outros anos por esta altura, os cidadãos abordados pelo NJOnline mostraram-se pessimistas quanto às comemorações da quadra festiva e são unânimes em dizer que este ano será diferente dos anteriores, e que vai ser difícil fazer a ceia de Natal.

Produtos como farinha de trigo, ovos, óleo, bacalhau, grão-de-bico, feijão e arroz estão a preços proibitivos para a maior parte.

Por exemplo, um quilograma de arroz, que era vendido a 80 kwanzas, custa agora 500, o quilo de açúcar passou de 150 para 500 kz, o quilograma de feijão está a ser vendido entre os 850 e os 1.000 kz, um kg de farinha de trigo está agora a custar 450, contra os 150 kz, praticados anteriormente.

Um ovo, que custava 30 kz, passou a custar 100, o litro de óleo alimentar passou de 300 para 800 kz.

O bacalhau escasseia. Para o substituir, as vendedoras sugerem macayabo, ao preço de médio de 2.500.

"Desde que a crise começou até hoje, as coisas não estão a correr nada bem. Antes da quadra festiva, que se avizinha, os produtos já estavam caros, agora aumentaram ainda mais, por isso não será um Natal e um ano Novo como os outros", expuseram alguns cidadãos ao NJOnline.

A maioria das pessoas recorrem à calculadora do telemóvel, para fazerem as contas das verbas disponíveis que levam para as compras.

É o caso de dona Rosa Flora, que encontramos a fazer compras no mercado do km 30, em Viana, a mulher, que levou consigo 50.000 kwanzas, disse que não conseguiu comprar praticamente nada.

Quem também reclama é Pedro Santiago, de 48 anos, que acompanhou a esposa ao mercado do Asa Branca para fazer compras.

"Meu Deus! Parece-me que os preços já não vão baixar, até a fubá de bombó, que não subia, cresceu. Isso mostra que o IVA também o afectou. Está tudo caro aqui no mercado do Asa Branca", realçou.

"Uma grade de gasosa e de cerveja está a custar mais de 5.000 kz, assim como será o Natal? Apenas com água? Adeus quadra festiva", lamentou-se o jovem Adriano Simão, automobilista que o NJOnline encontrou no mercado do Catinton.

Ainda no mercado do Catinton, várias vendedeiras contaram que antes, nesta época, o mercado era muito visitado e que quase não cabia ninguém, e que as vendas eram muitas, tendo reconhecido que os elevados preços dos produtos estão na base da fraca procura dos clientes.

"Meu irmão, hoje aqui não temos clientes. Anteriormente, Dezembro era o mês da "dicomba" (muitas vendas), e, infelizmente, estamos a vender como nos outros dias, nem parece que já é época do Natal", contou Zeferina Damião, que vende no mercado do Catinton há oito anos.

"Para nós, angolanos, o Natal é feito de comes e bebes, e infelizmente este ano, esse ritual tradicional será diferente devido aos altos preços dos produtos alimentares. Porque as famílias angolanas perderam o poder de compra", lamentou o cidadão Paulo Livane, também comerciante.

De recordar que no início do mês passado, o ministro do Comércio, Joffre Van-Dúnem, afirmou, à Angop que este quarto trimestre do ano seria calmo, apesar de alguns casos de especulação de preços que se vão registando entre os operadores económicos, que segundo o governante, estavam já identificados.

Para maior tranquilidade dos consumidores, o Ministério do Comércio lançou, na ocasião, uma campanha de sensibilização junto dos operadores económicos a nível das 18 províncias do País, para reprimir a especulação de preços, com base na legislação em vigor.

"Este é um trimestre que leva a apetência de alguns operadores a saírem do caminho recto, mas os nossos fiscais estão já a trabalhar para travar a tendência", advertiu o ministro que reconheceu.