Com 18.463 habitantes, estatística de 2014, Villefontaine é uma comuna francesa situada no departamento de Isère, na região de Auvergne Rône Alpes. O bairro faz parte da periferia de Lyon, terceira maior cidade francesa, depois de Paris e Marselha. É nesta pequena comunidade (Villefontaine) onde descobrimos um conhecido comerciante congolês com curta passagem por Angola, na década de 80.

Trata-se de Jean Claude Vete, casado com uma angolana, «Mamã Fifi», como é carinhosamente chamada pela comunidade, e com quem tem cinco filhos, todos residentes em França, onde o casal desenvolve uma actividade comercial de bens de alimentação e de produtos de beleza de particularidades africanas, servindo diversas comunidades africanas e das Antilhas.

Vete nasceu há 66 anos no Zaíre, hoje República Democrática do Congo, e é veterinário de profissão. Em 1980, em companhia da mulher, muda-se para Angola, em busca de melhores condições de vida, exactamente numa época em que o País floria com os ventos da independência, e a necessidade de quadros afigurava-se urgente.

Em Angola, não demorou para conseguir o que mais desejava: trabalhar como veterinário. Fez parte dos quadros do então Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas, graças à experiência profissional trazida do seu país.

Quatro anos depois e sob orientação do então ministro da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Evaristo Domingos «Kimba», Veta é transferido para Malanje, onde, infelizmente, as coisas lhe correram mal, porque o então delegado da Agricultura tratou de o enviar para um município de difícil acesso na época, cujo nome não lembra. Uma decisão incompreensível e acolhida com mau agrado.

"Não gostei daquela decisão. Fui enviado apara trabalhar na cidade de Malanje, mas não compreendi a atitude do delegado, logo à minha chegada colocaram-me noutro sítio. Tivemos uma troca de palavras menos boa. Não suportei e voltei para Luanda, onde expliquei o sucedido ao ministério, que, por sua vez, me propôs outra colocação fora da capital do País, mas tinha de aguardar", explica.

Mais tarde, foi então colocado no Sumbe, província do Kwanza-Sul, onde também as relações pessoais com os colegas búlgaros eram complicadas. "Naquele tempo, os cooperantes (expatriados) europeus ou cubanos eram extremamente valorizados em relação ao quadro nacional. Não falo isso por complexo de inferioridade, é uma realidade daquela época", conta.

Por esses motivos, Vete demitiu-se da função pública e meteu-se na estrada da «candonga» (comércio), fazendo vaivém comercial entre Luanda e Kwanza-Sul.

Contudo, o destino voltou a ser sombrio na sua nova aventura. Seis latas de leite traíram-no e fizeram que fosse detido. "Um dia, comprei seis latas de leite e guardei-as na casa de um amigo no Porto Amboim, visto que se movimentava com bastante frequência entre uma província a outra", revela.

Durante um controlo policial, uma rotina na época, os agentes encontraram as latas na casa do amigo e consideraram a quantidade uma infracção. Não podia ter mais do que aquilo. "O meu amigo foi conduzido pelos agentes para uma administração do bairro, para se explicar, mas foi solto horas depois, porque dissera que os produtos não eram seus e foi então obrigado a revelar o dono", conta.

Veta foi obrigado a apresentar-se às autoridades, e o problema agravou-se, uma vez que não tinha o cartão de abastecimento para justificar a proveniência daquelas latas.

Em virtude disso, ficou detido durante uma semana numa prisão, em Porto Amboim, antes de ter sido enviado para outra cadeia, no Sumbe, onde ficou um mês encarcerado.

Depois de solto, teve de pensar entre ficar em Angola, voltar para o seu país ou rumar para a Europa. Optou pelo Velho Continente.

"Estava tudo a correr mal, por isso a minha esposa e eu decidimo-nos a tentar uma nova sorte na Europa", acrescentando que, em França, precisamente em Lyon, também trabalhou numa clínica veterinária até aposentar-se. A esposa sempre se dedicou aos negócios que a levaram a abrir uma loja de referência entre os africanos.