No discurso de tomada de posse como Presidente da República, proferido a 21 de Setembro de 1979, José Eduardo dos Santos elogiou o legado de Agostinho Neto e assumiu o compromisso de "levar a bom termo a obra por ele iniciada: a construção da sociedade socialista em Angola". A começar pelo seio do MPLA.

Perante "a memória inolvidável do guia da Revolução Angolana, fundador da Nação e do MPLA-Partido do Trabalho, Presidente Dr. António Agostinho Neto", invocada 11 dias depois da sua morte, José Eduardo dos Santos jurou defender "com todas as forças, a Independência, a Soberania e a Integridade da Nação".

Vivia-se o dia 21 de Setembro de 1979 e o novo Chefe de Estado cumpria o "honroso dever de prestar sermão" na cerimónia solene da sua investidura como Presidente da República Popular de Angola, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola e Presidente do MPLA-Partido do Trabalho.

Cargos que, salientou, vinham sendo exercidos pelo Presidente Neto "com brio invulgar, dedicação, coragem e perspicácia de estadista genial", dificultando a tarefa da sucessão.

"Não é uma substituição fácil, nem tão-pouco me parece uma substituição possível, é apenas uma substituição necessária", frisou José Eduardo dos Santos.

Investido de novos poderes, o ainda estreante Presidente invocou os ensinamentos do "Pai da Nação" como "fontes inesgotáveis de inspiração para os membros do partido", e antecipou "um vigoroso redobrar de determinação e de firmeza para levar a bom termo a obra por ele iniciada: a construção da sociedade socialista em Angola, assente em princípios marxistas-leninistas".

A missão começaria pela estrutura do próprio MPLA, "garantindo no seu seio a coesão, a pureza ideológica, a presença maioritária da classe operária, a presença significativa da classe camponesa, e a ascensão de operários à direcção".

Neste sentido, orientou José Eduardo dos Santos, os órgãos executivos do aparelho central do partido, o Bureau Político e o Secretariado do Comité Central deveriam reganhar um dinamismo crescente que permitisse "dar continuidade às modificações iniciadas no aparelho do Estado, com o objectivo de garantir a protecção de cada cidadão, a segurança e a estabilidade nas nossas fronteiras, o saneamento da situação económica e financeira, o aumento da produção e da produtividade do trabalho e a elevação do nível de vida do povo".

Com a implementação dessa disciplina partidária, perspectivava o Chefe de Estado, a unidade nacional e a defesa da revolução e da integridade territorial estariam salvaguardadas.