Segundo um documento divulgado pelo Ministério da Defesa da Federação Russa, as centenas de drones e misseis balísticos e de cruzeiro visaram as infra-estruturas da indústria militar ucraniana e os postos de comando das forças de Kiev, alvejando especialmente a região da capital e Zaporizhia, na geografia que permanece sob domínio de Kiev.
Face a esta devastadora noite, que o próprio Presidente ucraniano considerou "um dos mais horríveis ataques russos" desde o início da invasão russa, com 14 civis mortos na cidade de Kiev, e dezenas de feridos confirmados, levou Volodymyr Zelensky a lançar mais um veemente apelo aos seus aliados ocidentais, EUA e Europa Ocidental, para reforçarem o apoio militar ao seu país.
Isto, quando, como o próprio Zelensky já admitiu, a Ucrânia está a sentir pesadamente a redução do apoio dos seus aliados, quase todos em mudança de foco para o Médio Oriente, onde Israel, com apoio empenhado dos EUA, lançou uma guerra aberta contra o Irão usando como justificação a iminência de Teerão obter, o que nunca foi provado, uma bomba atómica.
Como é evidente nas dezenas de vídeos disponíveis nas redes sociais, o ataque russo desta noite contra Kiev e Zaporizhia não teve nenhuma reacção séria da defesa anti-aérea ucraniana, com vários projectéis a atingirem os alvos, por vezes vários sobre o mesmo objectivo, sem qualquer vislumbre de tentativas de interceptar os misseis e drones russos.
Volodymyr Zelensky já tem sublinhado em diversas ocasiões que a Ucrânia está perigosamente fragilizada face à incapacidade de defesa anti-aérea porque os aliados norte-americanos e os europeus, especialmente alemães e polacos, deixarem de fornecer os seus sistemas, bem como as munições, para abater os misseis russos, sendo essa realidade agora mais evidente com as atenções ocidentais a virarem-se para o apoio a Israel.
Esse apoio a Israel começa a ser mesmo de urgência porque, contrariamente ao esperado, os misseis iranianos começaram a chover sobre as cidades israelitas, furando a até aqui considerada impenetrável "Cúpula de Ferro", logo após o ataque de Telavive ao Irão, na sexta-feira, 13, sendo muito bem-sucedido, especialmente no assassinato de figuras de proa das forças armadas iranianas, nomeadamente a sua elite da Guarda Revolucionária.
Demonstrando a fragilidade das defesas anti-aéreas israelitas que as imagens que chegam aos ecrãs do mundo provam, Israel não apenas obteve mais atenção dos seus aliados, como esse apoio, europeu e norte-americano passou de normal para urgente, sendo uma das consequências o desvio de recursos que estavam destinados a Kiev.
Por exemplo, Pete Hegseth, o secretário da Defesa dos EUA, confirmou publicamente, questionado pelos jornalistas, que centenas de misseis dos sistemas Patriot que estavam a caminho da Ucrânia, foram abruptamente desviados para Telavive, onde o Irão está a gerar uma destruição inesperada e surpreendente.
E isso é ainda mais urgente quando (ver aqui) tudo indica que não apenas está para durar esta guerra como a sua escalada está a emergir como inevitável depois de o Presidente Donald Trump ter feito saber da iminência da entrada dos EUA no "team" israelita contra o Irão.
No documento do Ministério da Defesa russo, a vaga de ataques sobre Kiev e Zaporizhia foi feita com misseis de precisão através de navios posicionados no Mar Negro, pela aviação estratégica russa e por plataformas terrestres de misseis Iskander-M, bem como drones, que deixaram em cinzas dezenas de locais de interesse militar.
Apesar desta afirmação russa, em Kiev, Volodymyr Zelensky dizia precisamente o contrário, contrariando as imagens divulgadas nas redes sociais, garantindo que os sistemas de defesa ucranianos abateram centenas de drones e misseis russos nesta madrugada, precisando que 440 drones e 33 misseis visaram locais um pouco por todo o país.
Isto, numa altura em que tanto os media russos como os ocidentais convergem na ideia de que as forças russas estão a avançar quase sem oposição nas frentes norte e leste desta guerra que já superou largamente os três anos, embora sem terem ainda conseguido completar a conquista dos territórios das quatro regiões anexadas em 2022, principalmente Zaporizhia, Kherson e Donetsk, sendo Lugansk a única em que tal está conseguido quase a 100%, além da Crimeia, anexada em 2014.