Nessa altura, apenas trinta e um países africanos eram independentes, mas as participantes, incluindo as do MPLA (Angola), FRELIMO (Moçambique), PAIGC (Guiné Bissau e Cabo Verde) e ANC (África do Sul), entre outras, quiseram fazer História, criando a primeira organização pan-africanista desta era.

Enquanto os lideres africanos se envolviam em difíceis negociações, com destaque para os desentendimentos entre o «Grupo de Casablanca», com Sekou Toure (Guiné Conacky) e Kwame Nkrumah (Ghana) e o «Grupo de Monróvia», onde se destacavam Leopold Senghor (Senegal) e Felix Boigny (Costa do Marfim), as mulheres do continente, cientes das suas responsabilidades uniram-se e estabeleceram a sua emancipação e a dos povos africanos como programa maior da então CMA.

Realizada de 27 a 31 de Julho, a Assembleia Constitutiva da Conferência das Mulheres Africanas adopta o primeiro estatuto da organização que tinha por objectivo criar uma organização internacional africana que permitisse às mulheres actuarem em conjunto para acelerar o movimento pela sua emancipação e apoiar a grande corrente de libertação política e económica do continente.

Esse estatuto dizia também que a organização devia trabalhar para promover a unidade dos estados africanos e estabelecer laços com as mulheres de todo o mundo, com vista ao progresso, justiça e paz no mundo.

Os objectivos traçados em Dar-Es-Salam permaneceram de congresso a congresso. De 1962 a 1986 (24 anos), passando por 74, em Dakar (Senegal), onde a CMA passa a designar-se como é hoje, Organização Pan-africana das Mulheres (OPM).

Em Luanda, durante o seu VI Congresso, em 1986, quando o continente já estava livre do jugo colonial, a OPM transforma-se e adapta-se aos novos tempos, coisa que a OUA só faria em 2002, passando à União Africana.

Nessa altura, a OPM defende a plena contribuição da mulher nos esforços de desenvolvimento económico, social e cultural, com vista a acelerar a sua promoção e continuar a luta pelo reconhecimento e aplicação do direito da mulher africana de participar, a todos os níveis, na tomada de decisões sobre a vida política, económica social e cultural nacional e internacional.

Impulsionada pela OPM e consciente da feminização da pobreza no continente, a UA proclama 2010-2020 como Década da Mulher Africana, com o objectivo de lutar contra a pobreza e alavancar o empresariado feminino.

A Década da Mulher Africana surgiu também com o objectivo de chamar a atenção dos Governos e dos Estados-Membros para a necessidade de não só rectificar e aderir às convenções, mas também de implementar todos os instrumentos que visam "potenciar o desenvolvimento da mulher".

Com o lançamento da referida década, os líderes africanos acreditaram que, até ao final de 2020, milhões de mulheres e crianças poderiam ser salvas se houvesse intervenções nesse sentido.

Para cumprir esta meta, a UA disponibilizou 32 bilhões de dólares para ajudar a melhorar a situação da mulher em África.

Contudo, as mulheres em África continuam a ser as principais vítimas da pobreza e a engrossarem as estatísticas da exclusão.

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