"O compromisso do Estado e do Governo é, sempre que as condições financeiras permitirem, fazer novos concursos públicos. Nós agora estamos a fazer admissão de uma quota adicional de cerca de 5 mil profissionais, mas é garantido que, até ao final do ano, vamos admitir mais. Mas o objectivo é, até 2027, admitir anualmente 8 mil novos profissionais, em que os médicos são incluídos", afirmou Sílvia Lutucuta.

A governante angolana falou à Lusa à margem da sua participação no Fórum Euro-África, uma iniciativa da associação Conselho da Diáspora Portuguesa, que decorreu segunda e terça-feira em Carcavelos, arredores de Lisboa.

Sílvia Lutucuta acrescentou que o seu ministério está a trabalhar "num plano ambicioso de especialização de profissionais de saúde de todas as carreiras".

O nosso objectivo é, até 2027, especializar cerca de 38.000 profissionais de saúde", disse.

Com as novas admissões, sobretudo de médicos, Angola tende a aproximar-se do rácio recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de dez médicos por 10 mil habitantes.

O país tem actualmente um rácio de apenas 2,48 médicos por 10 mil habitantes, segundo o último anuário sanitário de Angola, relativo a 2021.

A ministra angolana "puxou dos galões" quanto ao muito que o país já fez no sector da Saúde e, à percepção transmitida à agência Lusa em Luanda por pacientes e familiares, e ainda pelo Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (Sinmea), quanto à falta de medicamentos, reagentes laboratoriais e de recursos humanos, Sílvia Lutucuta contrapôs os ganhos alcançados.

"Nós temos é que dizer e ir para a realidade. Muito tem sido feito e o sector tem muitos ganhos. Temos ganhos em infra-estruturas, na própria organização do sistema de saúde, com recursos humanos. Temos também ganhos com a melhoria da assistência médica medicamentosa, desde a baixa à alta complexidade, e isto vê-se nos indicadores saúde, como a redução da mortalidade materna, da mortalidade infantil. Apesar de continuarmos a ter muitos casos de malária, reduzimos a mortalidade e só quero dizer que os nossos serviços, apesar dos desafios, estão a ser melhorados", considerou.

A governante angolana alertou também para os efeitos da pandemia da covid-19.

"É importante realçar que nenhum país no mundo por esta altura não sofre das consequências da covid e esta fase pós-pandémica (...) arrasta consigo problemas económicos graves, alguns mais graves que outros, e continuamos a sentir esse impacto da covid nas economias dos países e claro que Angola não é excepção", frisou.

Questionada se Angola tenciona contratar médicos estrangeiros para reforçar o seu sistema nacional de saúde, a ministra preferiu falar em "processo ambicioso de formação de quadros".

"Para este processo nós vamos trabalhar com várias nacionalidades. E até nesta cooperação Europa-África teremos benefícios. Já temos uma relação histórica com Portugal, vamos reforçar. Estamos a trabalhar também com o Brasil e profissionais daqui e de outros países. Contamos com parceiros estratégicos, como Portugal e outros", concluiu.