O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores angolano, Téte António, que informou que esse valor será parcelado de acordo com as fontes de financiamento.

"Isto é o que foi analisado hoje, o orçamento é de 12 milhões de dólares no seu total, está subdividido em rubricas, fontes de financiamento", explicou o ministro, que destacou que as fontes de financiamento desta força serão, primeiro, o fundo de contingência e as contribuições dos Estados-membros que participam com efectivos, a que se junta uma contribuição avaliada em sete milhões de dólares, que vai ser dividida entre os Estados- membros, cujo prazo de contribuição expira no dia 9 de Julho.

O ministro disse que ficou também determinado que, tendo em conta a situação que muitos países da região vivem, ficou em aberto a possibilidade de a SADC usar o fundo de reserva para impedir atrasos no cumprimento da missão.".

"Como sabem é uma questão de sobrevivência da região, a situação em Cabo Delgado, em Moçambique, é uma situação grave, à qual a organização tem de fazer de imediato face e foi determinado o prazo de contribuições que é de 09 de Julho, mas se houver um défice de contribuições dos Estados-membros, que estejam atrasados no depósito do montante que foi determinado por cada um dos países, pode-se recorrer ao fundo de reserva", sublinhou.

Ficou também determinado que em caso de necessidade de se recorrer ao fundo de reserva, a sua reposição "não deve ser feita muito tarde".

"Porque não podemos ficar com uma região sem reserva e nós não sabemos como é que a conjuntura pode evoluir, amanhã podemos fazer recurso ao mesmo fundo, é preciso que este fundo seja alimentado", acrescentou.

Téte António destacou que Angola apresentou como proposta no encontro que sejam afinados os mecanismos da organização no sentido de dar respostas rápidas em situações de crise de emergência ou ameaças, quer sejam de paz e segurança, quer de calamidades naturais e outras.

"Uma das questões que a nossa delegação levantou é que [a situação de Moçambique] deve servir de lição para a região, no sentido de nós afinarmos os nossos mecanismos para que quando acontecerem crises dessas a região não esteja a fazer o mesmo exercício de reuniões e reuniões para responder à crise", indicou.

Na sequência da proposta angolana surgiram outras, acrescentou o ministro, que informou que essas propostas vão seguir os trâmites normais para se chegar a uma decisão.

"Também foi abordada a questão da necessidade de a região aplicar o princípio da subsidiariedade, relativamente à União Africana, significa que quando a região age sobre uma crise está a fazê-lo também em nome da casa-mãe que é a União Africana, estamos mais perto da crise é normal que seja na África Austral, a SADC, na África Ocidental, como vimos várias vezes, a CEDEAO, também tem agido na base deste princípio, como podemos também utilizar os meios existentes na casa-mãe", destacou.

Téte António destacou o carácter de obrigatoriedade das contribuições, por se tratar de uma questão de sobrevivência para a região.

"Temos todos que ter essa consciência de que a região está sob ameaça, com crise em Moçambique e todos nós temos que responder prontamente a esta ameaça que nós conhecemos na África Austral", realçou.

Para os próximos dias estão previstas reuniões técnicas de sectores especializados, nomeadamente defesa e segurança, para analisar questões práticas, informou ainda o ministro.

Em Abril, o chefe do Órgão de Defesa e Segurança da SADC e Presidente do Botsuana, defendeu, em Maputo, que a vaga de terror jihadista que há mais de três anos varre a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é uma ameaça a toda a África Austral e deve ser combatida em conjunto pelos Estados que compõem a Comunidade de Desenvolvimento desta sub-região do continente africano.

As declarações de Mokgweetsi Masisi foram proferidas depois de, no final de Março, a vila de Palma, no litoral, extremo norte da província de Cabo Delgado, em Moçambique, ter sido tomada de assalto por radicais do al-shabbab (`estado islâmico`), deixando um rasto de dezenas de mortos, entre estes vários estrangeiros, e milhares de deslocados. Desde 2017, estes ataques já provocaram mais de 2.800 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 732.000 deslocados, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) é uma organização de integração sub-regional, composta por 16 estados-membros, designadamente, Angola, RDC, Eswatine, Namíbia, Zimbabwe, Zâmbia, Lesotho, África do Sul, Comores, Maurícias, Madagáscar, Seycheles, Tanzânia, Malawi, Botswana, que acolhe a sede, e Moçambique, que assume neste momento a presidência rotativa.