No seu relatório anual, intitulado "Uma oportunidade justa para todas as crianças" e hoje divulgado, o UNICEF adianta que Angola é um dos três países do mundo onde menos de metade da população, no caso 49%, está abrangida pelo acesso a fontes melhoradas de água. O mau desempenho nacional é acompanhado pela Guiné Equatorial (48%) e pela Papua Nova Guiné (40%).

Segundo o documento, a situação é pior nas zonas rurais, onde apenas 28% dos angolanos têm acesso a sistemas como água canalizada, torneiras públicas ou fontanários, poços tubulares ou furos, ou nascentes protegidas.

Já no capítulo da mortalidade infantil, o relatório aponta que Angola tem de aumentar mais de cinco vezes o ritmo de redução da mortalidade infantil para alcançar o objectivo de baixar para 25 o número de mortes de menores de cinco anos em cada mil.

O UNICEF avisa que se a tendência se mantiver, a taxa de mortalidade infantil em Angola será em 2030 de mais de 110 menores de cinco anos mortos em cada mil, ou seja, três vezes acima do objectivo traçado.

Em números absolutos, e se o ritmo de progresso não acelerar, Angola estará em 2030 entre os cinco países com mais mortes de menores de cinco anos.

Nessa altura, estima o UNICEF, esses cinco países representarão mais de metade das mortes de crianças com menos de cinco anos: Índia (17%), Nigéria (15%), Paquistão (8%), República Democrática do Congo (7%) e Angola (5%).

Apesar dos maus indicadores, o Fundo da ONU aponta melhorias nos últimos 25 anos: a taxa de mortalidade em Angola diminuiu de 226 em 1990 para 157 em 2015, a mortalidade de menores de um ano caiu de 134 em 1990 para 96 em 2015 e a mortalidade neonatal (no primeiro mês de vida) era de 49 em 2015.

O documento indica também que 12% dos bebés nascem com baixo peso, 16% das crianças com menos de 59 meses têm baixo peso e 29% das crianças têm baixa estatura.