O Serviço de Migração e Fronteiras (SME) expulsou cerca de 25 mil estrangeiros a viver ilegalmente em Cabinda durante o ano de 2015, na sua maioria oriundos da República Democrática do Congo (RDC).

Estes números foram divulgados à imprensa pelo director provincial do SME, Firmino Somavie, durante um encontro com a governadora provincial, Aldina Matilde Catembo, para apresentação do relatório de balanço da actividade do não passado.

Todavia, aos números elevados de 2015 quanto a expulsões, o comissário de migração, Firmino Somavie, adiantou que, só no último trimestre deste ano, foram registadas mais de 3 600 expulsões.

A esmagadora maioria dos cidadãos estrangeiros foram expulsos a partir das fronteiras do Yela e Massabi.

Neste encontro, onde estiveram ainda presentes as chefias provinciais das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional, o responsável pelo SME mostrou-se preocupado com a significativa procura da província por parte de cidadãos estrangeiros sem documentos legais, sublinhando que a RDC é ainda origem da maior parte da população reclusa de Cabinda, a rondar os 75 por cento.

As autoridades de Cabinda estão também atentas ao facto de os crimes mais violentos e homicídios serem maioritariamente praticados por estrangeiros com origem na RDC, com quem, a par da República do Congo, Angola partilha, só na província de Cabinda, uma fronteira com mais de 520 quilómetros.

"Com o reequipamento de meios técnicos modernos para as Forças da Policia de Guarda de Fronteiras o quadro poderá mudar para diminuição dos imigrantes ilegais na província sobretudo os da vizinha RDC", salientou o oficial, citado pela Angop.

UM dos pontos sublinhados neste encontro foi o facto de uma parte da linha de fronteira de Cabinda com os dois países vizinhos não estar ainda totalmente controlada pelo SME e pela Policia de Guarda de Fronteiras.

Essas lacunas na cobertura fronteiriça são apontadas como justificação principal para o actual fluxo de imigrantes ilegais em Cabinda.

"As estadias e permanências ilegais que vemos na província sobretudo na cidade de Cabinda deve merecer um combate sério que envolve não só os efectivos do SME e de outros órgãos do Minint mas sim de todos os cidadãos e autoridades tradicionais", apontou.

Recusada de forma peremptória foi a ideia de que no campo de Malongo, onde se concentram os funcionários das petrolíferas a operar na província, cerca de 2300, existam cidadãos estrangeiros ilegais mas tolerados pelas autoridades, enfatizando que todos eles têm visto de trabalho, existindo ainda cerca de 480 com vistos temporários de residência.

A tensão política e militar na RDC é um dos factores que contribui para que milhares de congoleses-democráticos procurem os países vizinhos com refúgio.

Para além das incursões dos grupos guerrilheiros do Uganda, a Aliança das Forças DEmocráticas (ADF), e do Ruanda, a Frente Democrática de LIbertação do Ruanda (FDLR), que causaram já milhares de vítimas nas últimas duas décadas nas províncias congolesas dos Kivu Norte e Sul, há ainda a registar uma forte tensão política na RDC por causa do protelamento das eleições gerais que estavam previstas para Novembro deste ano.