Em Agosto de 2019, por ocasião de uma matéria do Novo Jornal sobre a edição de livros no País, questionado se incentivaria um empreendedor a investir na «indústria literária», Lourenço Mussango reagiu com esta ironia: "Se o objectivo for singrar nos negócios, eu aconselharia [o empresário] a apostar numa cervejaria".

Hoje, mais de um ano depois, o jovem escritor e director literário da Asas de Papel Editora mantém a mesma opinião, mas não se fica pelas críticas. Mussango aponta soluções, começando por aquilo que considera o "maior incentivo" que o Estado pode dar: a posta na indústria de papel.

"As gráficas praticam preços de impressão muito altos, por conta dos valores que gastam na importação do papel e isso torna insustentável alimentar o mercado livreiro", refere Lourenço Mussango, de 33 anos, antes de revelar que a edição e paginação de um livro, no País, "não rouba muito dinheiro", ao contrário dos "balúrdios cobrados na impressão".

Mas, as críticas ao sector livreiro nacional não vêm apenas dos editores jovens. Por exemplo, Arlindo Isabel, de 60 anos, criou, em 8 de Março de 2010, a Mayamba Editora, um dos organismos mais regulares no que ao lançamento de livros diz respeito. Não é por acaso, aliás, que já leva mais de 300 títulos publicados, registo que o próprio director considera "positivo", principalmente por mais de 90% destas obras serem de autores angolanos.

Isabel vê, por conseguinte, neste registo, um alinhamento com os objectivos da sua Mayamba, por lhe conferir o estatuto de "intermediário consciente e de qualidade entre os que produzem e ou reproduzem o imaginário cultural e científico do nosso País e aqueles que o consomem, os leitores".

Entretanto, toda esta espécie de gratidão não impede Arlindo Isabel de confessar, em entrevista ao NJ, que "não viveria" os últimos 10 anos dependendo apenas dos lucros decorrentes da sua editora.

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