"A paz e estabilidade na República Democrática do Congo (RDC) são muito importantes para Angola. Angola tem apoiado, há vários anos, os esforços de paz entre o RDC e Ruanda", disse esta quinta-feira, 03, aos jornalistas, Agostinho de Carvalho dos Santos Van-Dúnem.

"O Presidente João Lourenço tem contribuído para este processo e se vai ser assinado o acordo em Washington, é com naturalidade que temos a expectativa que ele possa testemunhar este momento, não só na qualidade de Presidente da União Africana, mas como Chefe do Estado de Angola, um país que tem contribuído imenso na resolução do conflito entre RDC e Ruanda", acrescentou.

No dia 27 de Junho foi assinado, em Washington, um importante acordo de paz entre a República Democrática do Congo e o Ruanda, com o intuito de pôr termo ao conflito que há anos assola o leste do território congolês.

O entendimento baseia-se numa Declaração de Princípios acordada entre os dois países no passado mês de Abril e contempla o respeito pela integridade territorial da RDC e a cessação das hostilidades na região do Kivu, onde se concentram os principais focos de tensão.

A assinatura do acordo teve lugar numa reunião ministerial que contou com a presença do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, bem como das chefias diplomáticas da RDC, Thérèse Kayikwamba Wagner, e do Ruanda, Olivier Nduhungirehe. Ambos os representantes foram também recebidos na Casa Branca pelo Presidente Donald Trump.

Este acordo resulta de uma complexa estratégia negocial, que envolveu não apenas os dois países africanos, mas também os Estados Unidos da América, o Qatar e a União Africana.

Paralelamente às negociações formais entre Kigali e Kinshasa em Washington, decorreram nos últimos meses conversações em Doha, entre autoridades congolesas e representantes da Aliança do Rio Congo/Movimento 23 de Março (AFC/M23), grupo rebelde apoiado pelo Ruanda e que atualmente controla vastas áreas das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.

O envolvimento norte-americano é motivado, em parte, pelo interesse nas ricas jazidas minerais congolesas, cuja exploração está actualmente condicionada pelo controlo territorial exercido por forças rebeldes.

De acordo com o mais recente relatório da Rede Paz para o Congo, quase todas as minas mais relevantes do país estão sob gestão de empresas chinesas, o que limita a capacidade do governo de Kinshasa em oferecer contrapartidas reais aos Estados Unidos.