O cartoonista Sérgio Piçarra, que se tornou no primeiro angolano a conquistar o Prémio Franco-Alemão dos Direitos Humanos e do Estado de Direito, considera que a imprensa nacional está a ficar "cada vez mais manipulada, mais condicionada e amarrada", o que é "um péssimo sinal de que nada mudou» com a governação de João Lourenço.

Em exclusivo ao Novo Jornal, na primeira entrevista concedida a um órgão de comunicação após ter tomado conhecimento da distinção internacional, o criador da divertida personagem "Mankiko" justifica as críticas à imprensa com os exemplos dos órgãos que passaram para a esfera do Estado, no âmbito da recuperação de activos, alegadamente, erguidos com recurso a desvio de fundos públicos.

Ao ser-lhe recordado que havia dito em 2019, por ocasião de uma matéria do NJ sobre os dois anos do «reinado» de JLo, que o País registava "avanços e recuos" no que diz respeito à liberdade de expressão e de imprensa, Piçarra fala sem meios-termos:

"Há um ano falei sobre avanços e recuos, e este ano terei de falar mais de recuos do que de avanços. Este exemplo agora da nacionalização da TV Zimbo e a mudança da linha editorial é um dos grandes sinais disto", afirma Piçarra, exemplificando com as coberturas feitas às manifestações realizadas em Novembro.

De 51 anos, Piçarra entende que a imprensa "é um dos principais barómetros da liberdade de uma sociedade". Com desenhos publicados todas as semanas no Novo Jornal e no Expansão, nos quais «pinta », com um humor apimentado, os variados problemas de que padece Angola, o «pai de Mankiko» é um observador atento e crítico frontal.

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas a partir de amanhã, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)