Depois de vários dias com o barril, tanto o Brent, de Londres, o que importa para as exportações nacionais, como o WTI, em Nova Iorque, a perder valor, esta terça-feira, 06, os gráficos mostram o contrário quando deveriam, pela lógica do histórico, ser ao contrário.
Isto, porque é precisamente o aumento da produção dentro da OPEP+, que, ironicamente, vem reduzindo há anos a produção para manter os preços artificialmente acima dos 70 USD, que está a provocar este momento de valorização da matéria-prima nos mercados internacionais.
Como explicam os analistas esta manhã, a razão está no facto de os investidores estarem a aproveitar os preços baixos para comprar crude, gerando, momentaneamente, uma pressão sobre a oferta.
E já se conhecem os "vilões" por detrás deste efeito borboleta, que é o aumento substantivo da produção em alguns membros do "cartel", especialmente o Cazaquistão, onde a extracção está a seguir o diapasão do Presidente dos EUA, Donald Trump, "drill, baby, drill".
E quem está a furar como se não houvesse amanhã no Cazaquistão são as duas "majors" norte-americanas, a Exxon e a Chevron, que dominam aquela geografia extractiva, embora também a britânica Shell e a francesa TotalEnergies ali tenham uma presença robusta.
Alias, esta aposta das multinacionais norte-americanas em furar as barreiras de conforto nos preços da OPEP+, a organização que junta a OPEP e a Rússia+, que segue o guião escrito por Donald Trump está ainda a gerar um eeito superlativo neste fenómeno.
Que é sauditas e os seus aliados mais chegados aumentarem também a produção para castigar os "infractores", o que, a prazo será conseguido, mas, por ora, está apenas a fazer voar ainda mais este "cisne negro" que é mais produção estar a conduzir a preços mais elevados.
Alias, a Reuters fala mesmo no outro foco das atenções de momento e que deve, mais cedo que tarde, levar a uma inversão deste fenómeno, que é um aumento muito relevante da produção onshore norte-americana, no chamado "fracking".
Precisamente o sector em que Trump, na sua luta sem quartel para fazer baixar o preço do crude e, assim, pressionar em baixa a inflacção, apostou grande parte das suas fichas, numa jogada arriscada porque no "fracking" não é apenas mais caro, é altamente poluente, mas nada disso tira força ao "drill, baby drill" do "dono" da Casa Branca.
E é assim que, mesmo sendo sol de curta duração, quase de certeza, porque não é possível manter a valorização do petróleo com um aumento da produção sem que isso esteja a ser feito de forma programada e com prazo definido, o barril chegou esta terça-feira, 06, perto das 09:15, hora de Luanda, aos 61,35 USD, uma valorização de 2% face ao fecho anterior.
Isto, depois, como notam os sites especializados, de o barril de Brent ter chegado na segunda-feira, 05, ao seu valor mais baixo desde Fevereiro de 2021, em pleno efeito da pandemia da Covid19, na casa dos 58 USD.
Esse efeito foi resultado da aceleração punitiva da OPEP+ para as operadoras no Cazaquistão e os investidores no "fracking" norte-americano, que acrescentou algumas dezenas de milhares de barris por dia ao seu plano que já é conhecido desde Fevereiro deste ano, e que este mês de Maio contou com mais 411 mil bpd, sendo que em Junho o valor será, no mínimo, e para já, igual.
Aliado a este momento de encruzilhadas estratégicas está o mau momento da economia global, especialmente nos dois gigantes do consumo, os EUA e a China, envoltos que estão na guerra absurda das tarifas (ver links em baixo) declarada por Trump.