No relatório Perspectivas Económicas em África, publicado no site da instituição, pode ler-se que "como resultado da baixa de preço do petróleo", o crescimento do PIB real foi de 4,7% entre 2011 e 2015, abaixo de 12,6% registado entre 2006 e 2010.

"Os preços mais baixos do petróleo prejudicaram as receitas fiscais, levando as autoridades a reduzir as despesas de infraestrutura 55% entre 2014 e 2017", refere o mesmo documento, que acrescenta que "o declínio na oferta de moeda estrangeira e a depreciação da moeda local dificultaram a actividade económica e a criação de emprego em indústrias dependentes de importação, como a construção, ou a manufactura".

"O crescimento económico desacelerou para 0,1% em 2016, mas recuperou o crescimento (cerca de 2,1%) em 2017, devido ao forte desempenho na agricultura, pescas e energia, mas o crescimento previsto vai permanecer modesto, 2,4% em 2018 e 2,8% em 2019", menciona ainda o BAD, que alude à descida dos preços do petróleo para justificar praticamente todas as alterações políticas levadas a cabo pelo Governo desde meados de 2014, quando o preço baixou de mais de 100 dólares para menos de metade.

"Os preços baixos prejudicaram as receitas fiscais, levando as autoridades a cortar os investimentos em infraestruturas em 55% entre 2014 e 2017", dizem os analistas do banco, recordando que o peso das receitas relacionadas com o petróleo caiu de 67%, em 2014, para 46% no ano passado.

Apesar dos "avanços significativos" na redução da pobreza, de 54%, em 2000, para os actuais 37%, e de outras diligências relacionadas com a política económica, o BAD escreve que "os persistentes desafios estruturais impedem a diversificação e o crescimento inclusivo", apontando como impedimentos "as fracas instituições, a baixa produtividade agrícola, as infraestruturas desadequadas, a qualidade limitada dos recursos humanos, particularmente na gestão empresarial, na ciência e tecnologia, construção e manufactura".

O resto do continente

Para o conjunto dos países do continente africano, o BAD prevê um crescimento de 4,1% notando o relatório que a recuperação tem sido mais rápida nos países não dependentes dos recursos, como o petróleo ou os diamantes, ao mesmo tempo que aconselha o financiamento do desenvolvimento pela dívida.

"A recuperação do crescimento tem sido mais rápida do que o previsto, particularmente nas economias não dependentes de recursos, sublinhando a resistência de África", adianta ainda o relatório Perspectivas Económicas em África, hoje divulgado em Abidjan, a capital económica da Costa do Marfim.

"Estima-se que o crescimento real da produção aumentou 3,6%, em 2017, em relação a um aumento de 2,2%, em 2016, e que registará uma aceleração de 4,1%, em 2018 e 2019", acrescenta o documento, que considera que "a recuperação no crescimento pode assinalar um ponto de viragem nos países exportadores líquidos de produtos de base, nos quais a diminuição continuada dos preços das exportações fez diminuir as receitas das mesmas e agravou os desequilíbrios macroeconómicos".