Os países mais ricos não podem esquecer, apontam estes 165 líderes, que se a epidemia da Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, que surgiu em Dezembro último na cidade chinesa de Wuhan, não for combatida em simultâneo nas frentes das crises na saúde e na economia, sem esquecer que as latitudes mais empobrecidas, como o continente africano e a América Latina, não podem ficar para trás, mais cedo ou mais tarde, o vírus vai regressar em força à Europa, aos Estados Unidos ou à China, porque terá sempre um reservatório onde pode aguardar por nova oportunidade.

Entre os signatários desta missiva enviada ao G20, grupo que agrega as 20 nações mais ricas do mundo, estão o antigo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, o investidor George Soros, o antigo presidente do Banco Central Europeu, os três antigos primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, Tony Blair e John Major, ou, entre outros, o Prémio Nobel da Economia Joseph Stiglitz.

Para estes representantes de organizações não-governamentais, cientistas, filantropos, antigos primeiros-ministros e actuais governantes, está a querer enfatizar é que os sinais mais evidentes hoje no contexto da luta contra a Covid-19 vão no sentido de uma ausência de união de esforços e de partilha de meios e de informação, especialmente entre os países mais desenvolvidos e com mais meios.

Para acudir a essa desorganização, em cima da mesa, os 165 querem que seja aprovado um pacote financeiro de emergência na ordem dos 8 mil milhões de dólares destinado a criar condições para evitar vagas secundárias da pandemia a partir de países com menor capacidade de exterminá-la e mais 150 mil milhões para esbater os efeitos dramáticos subsequentes.

Na carta enviada ao G20 é feito um apelo para que seja criada uma task force com poderes executivos que agilize o trabalho que urge fazer na coordenação global do combate ao coronavírus, juntando a esse pedido uma exigência de que seja efectivado um mecanismo de alívio da dívida dos países mais pobres e um aumento de fundos no FMI e Banco Mundial disponíveis para isso.

E defendem que o fim da crise económica não vai ter sucesso até que a Covid-19 seja debelada, mas, ao mesmo tempo, notam que é impossível acabar com a pandemia deixando países para trás por serem pobres e com falta de meios técnicos e financeiros.

Uma das medidas mais proeminentes é proposta ao FMI e ao Banco Mundial para deferirem no tempo, e incentivarem outros credores a fazer o mesmo, o pagamento de juros, invectivando os mais ricos a gerarem um pacote de 44 mil milhões destinado em exclusivo ao continente africano.

Porque os melhores sistemas de saúde do mundo estão à beira do colapso por causa da pandemia, se nada for feito, à medida em que a doença se espalha para os países mais pobres de África e da América Latina, com falta de infra-estruturas de saúde, com milhões a viver em condições sem água nem saneamento, onde a distância social é fisicamente impossível, então a Covid-19 vai persistir ali e ressurgir no resto do mundo, mais cedo ou mais tarde, prolongando indefinidamente a crise económica.