Este valor é o mais alto desde o início de Novembro do ano passado e, sublinhe-se, está quase seis dólares acima do valor de referência usado para o barril na elaboração do Orçamento Geral do Estado (OGE 2019) de Angola, que foi de 68 USD/barril.

Os quase 74 USD de hoje são uma marca importante porque em finais de 2018, início de Janeiro deste ano, o Governo de João Lourenço foi obrigado a admitir uma revisão do OGE para acomodar as contas públicas ao preço do barril que, por essa altura, tinha descido para valores muito abaixo dos 68 USD contemplados no documento estruturante do deve e do haver do Estado.

A indicação dada em Fevereiro pelo ministro das Finanças, Archer Mangueira, e pelo ministro de Estado, Manuel Nunes Júnior, de que o OGE seria revisto até finais de Abril ainda não foi "revogada" pelo Executivo, mas tudo leva a crer que com os valores actuais do barril em Londres, esse movimento de acomodação do OGE será, de novo, "revisto".

Por detrás desta alta no crude a ser transaccionado hoje nos mercados internacionais está o anúncio pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, de que as excepções admitidas às sanções sobre as exportações iranianas deixariam de ser toleradas e os países que comprarem petróleo a Teerão serão alvo de perseguições de Washington.

As excepções, admitidas pelos EUA, permitiram que alguns países continuassem a comprar crude iraniano, com destaque para a Índia e a China, embora esteja por provar que estas duas grandes economias mundiais vão acatar as "ordens" de Washington.

Mas também é certo que a produção de petróleo do Irão, que é o 5º maior produtor mundial e o 2ª maior da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), por causa das sanções, tem vindo a baixar de forma significativa, a ponto de estar a baixar na lista da Agência Internacional de Energia (AIE) dos maiores produtores mundiais.

Isto, porque os EUA ameaçam perseguir judicialmente as empresas com interesses em território norte-americano que estejam sediadas nos países que não cumprirem as sanções, o que levou alguns países europeus, como a França, a deixar cair a ameaça de não importar crude iraniano porque as suas exportações de, por exemplo, viaturas para os EUA estaria em causa.

Mas, para além das sanções dos EUA a Teerão, por causa do acordo nuclear, assinado em 2015 e do qual Trump decidiu retirar-se, também a guerra na Líbia, com a recente ofensiva de um general dissidente sobre Tripoli, e ainda a persistente crise na Venezuela, estão a engrossar a pressão em alta sobre o petróleo nos mercados internacionais.

Se as excepções às sanções norte-americanas contra o Irão forem mesmo suspensas, como o The Washington Post revelou, e se os cortes acordados entre a OPEP e os seus aliados, liderados pela Rússia, se mantiverem para lá de Julho, quando esse acordo está calendarizado para revisão, secando os mercados em mais de 1,2 milhões de barris por dia (mbpd), então, segundo diversos analistas citados hoje pelas agências, o barril de crude poderá chegar, em Londres, aos 80 USD nos próximos meses.

Mas, como o NJOnline noticiou a 18 deste mês, em contracorrente com este espírito está a possibilidade de a Rússia, como admitiu publicamente o seu ministro das Finanças, Anton Sulianov, poder voltar a abrir a torneira e aumentar a produção, passando um atestado de óbito à estratégia da OPEP+ para manter os preços em alta.