A China é o maior consumidor de petróleo do mundo e quaisquer sobressaltos no comportamento da sua economia tem um efeito imediato no consumo planetário de petróleo.

Com o evoluir do contágio pelo vírus de Wuhan, do tipo coronavírus, com um efeito devastador no sistema respiratório dos pacientes mais fracos, como idosos ou com o sistema imunitário debilitado, e a sua propagação para, até ao momento, 15 países, a economia do gigante asiático está já a ressentir-se de forma evidente.

Os mercados petrolíferos registam esse dado com uma diminuição abrasiva do valor do barril, que, por exemplo, no Brent de Londres, está hoje a valer, cerca das 11:00, 57,9 USD, quase menos 10 dólares que aquilo que valia antes do surgimento deste problema de saúde pública na China.

Quando as agências estão a noticiar que a OPEP está a elaborar um documento sobre o impacto do vírus de Wuhan no mercado do petróleo, a antecipação da reunião começa igualmente a ser admitida como certa por fontes do "cartel" citadas em vários sites especializados.

Por exemplo, o ministro da Energia argelino, Mohamed Arkab, embora sem confirmar a 100 por cento a informação, admitiu ser o cenário de antecipação o mais normal, atendendo à actual situação internacional, segundo declarações citadas pela agência argelina, a APS.

Recorde-se que a OPEP e a sua versão alargada à Rússia e a mais 11 produtores não-membros, a OPEP+, têm em curso, desde Janeiro de 2017, sucessivos programas de cortes na produção para evitar graves perdas de valor da matéria-prima, sendo que actualmente esse valor é de menos 1,7 milhões de barris por dia.

Segundo o calendário ainda em vigor, os dirigentes da OPEP+ deveriam voltar a sentar-se à mesa em Março para redefinir o calendário, com mais tempo de cortes ou até de aprofundamento ou alívio da quantidade.

Mas, com este cenário internacional em ebulição por causa da pandemia de coronavírus, e quando a Organização Mundial de Saúde está hoje de novo reunida com o seu comité de emergência para lançar um alerta internacional, a OPEP e a OPEP+ devem voltar a Viena de Áustria em Fevereiro para prolongar o actual plano de cortes e, sobretudo, para aumentar o volume de produção que está a ser retirada dos mercados, havendo quem admita que pode chegar aos 1,9 mbpd.

Também o ministro saudita da Energia, Abdulaziz bin Salman, que é quem dirige de facto a OPEP, garantiu que existe uma clara capacidade de resposta se o mercado castigar em excesso o valor do petróleo, embora tenha preferido, ainda, chamar a atenção para o facto de não haver ainda evidências de que se está já na fase concreta de um impacto negativo e não ainda numa fase de pânico devido a questões psicológicas.

Por detrás deste descalabro do valor do crude, situação que surge de forma distinta dos episódios mais recentes que levaram a uma situação semelhante, com um impacto negativo mais robusto e prolongado que, por exemplo, a morte do general iraniano Qassem Soleimani, a 02 de Janeiro, ou ainda os ataques à indústria petrolífera saudita, em Setembro do ano passado, está o pânico que varre a China, com mais de 30 milhões de pessoas em várias cidades obrigadas a ficarem em casa, com uma diminuição dramática nas deslocações de e para a China, com uma quebra nas exportações e importações de bens alimentares...

O gigante asiático está em mãos com uma severa crise de saúde pública depois de em Dezembro último ter sido noticiado o aparecimento de mais um vírus, do tipo coronavírus, na 3ª maior cidade chinesa, Wuhan, com 11 milhões de habitantes, que, entretanto começou a sua acelerado dispersão por várias cidades chinesas e por vários países, desde os EUA à Austrália, da Tailândia à França, da Coreia do Sul à Costa do Marfim, onde uma mulher está a ser testada e se for confirmado, este pode ser o momento zero da entrada do vírus em África.

Dezenas de companhias aéreas já deixaram de voar temporariamente de e para a China, a Rússia fechou as suas fronteiras com este país e vários países, como os da União Europeia, dos EUA, Canadá ou Austrália, estão a retirar os seus cidadãos que estão em território chinês com urgência.