O zimbabueano Andrew Mugari explicou na capital angolana, onde está a participar numa conferência sobre sistemas integrados de pagamentos electrónicos (RTGS), que a inserção do Kwanza neste mecanismo austral e uma orientação clara aos bancos comerciais para a ele recorrerem, iria permitir a qualquer cliente com necessidade de transferir valores com celeridade para um dos 16 países da SADC o pudesse fazer no mesmo dia.

Mas, como o Kwanza ainda não faz parte do RTGS, apesar deste existir desde 2013, essa possibilidade não está ao alcance dos clientes bancários angolanos, explicou Mugari perante uma plateia composta essencialmente por responsáveis de Bancos Centrais da SADC trazidos a Luanda numa iniciativa do Banco Nacional de Angola (BNA).

Este mecanismo regional tem como referência o rand sul-africano e o seu objectivo é criar condições para que, a este nível, o das transferências de valores internas na SADC, os 16 Estados funcionem como se se tratasse de um único país.

Como, por exemplo, se o utilizador estivesse a fazer uma transferência bancária de Luanda para alguém no Huambo, sendo exactamente o mesmo se se tratar de alguém em Windhoek a enviar dinheiro para Maputo ou para Luanda ou vice-versa, o que se consegue através da uniformização do sistema, tendo o Banco Central sul-africano como intermediário global.

Citado pela Lusa, Andrew Mugari disse ainda em Luanda que a Administração do Regime de Pagamentos da SADC espera poder vir a inserir no sei sistema todas as moedas dos 16 países da região austral, e ainda o dólar norte-americano.

Porém, no que diz respeito ao dólar dos Estados Unidos, as dificuldades resultam das exigências dos "critérios rígidos" da Reserva Federal, aos quais o órgão está a procurar corresponder, assumindo, que por esta altura, seria de esperar que esse processo já estivesse concluído.

BNA prepara adesão

O BNA anunciou, entretanto, que decorrem "testes finais" para a adesão ao RTGS da SADC.

"No caso de sistemas de pagamentos de Angola, o Banco Nacional de Angola está engajado na conclusão dos testes para a efectiva participação na plataforma regional de pagamentos", afirmou o director do departamento dos Sistemas de Pagamentos do BNA, Edgar Bruno, na mesma conferência, citado pela Lusa.

O banco central angolano está igualmente a "ajustar e reforçar" o seu quadro regulamentar com o objectivo de "estabelecer modelos adequados de gestão, de supervisão e superintendência" e neste momento "está em curso a revisão da Lei dos Sistemas de Pagamentos de Angola", disse, acrescentando que está também em revisão toda a legislação complementar à Lei dos Sistemas de Pagamentos.