De acordo com informação divulgada na África do Sul por uma das maiores redes comerciais em solo africano, que tem várias centenas de lojas em todo o continente, 30 das quais em território angolano, incluindo um recente projecto de um centro de distribuição para melhoria da eficiência, o negócio da Shoprite cresceu 3,3 por cento nos últimos 12 meses, com vendas a ultrapassar os 145 mil milhões de rands, mais de 10 mil milhões de dólares.

Apesar deste gigante do retalho africano marcar presença em diversos países, Angola representa o seu maior quinhão de vendas fora da África do Sul, razão pela qual as flutuações do negócio nas suas 30 lojas angolanas, que inclui grandes hipermercados e outras áreas comerciais de média dimensão, se reflectem com intensidade nos resultados anuais.

Depois de um gigantesco investimento em solo angolano durante o maior boom da economia nacional, entre os anos de 2007 e 2014, a Shoprite começou a sentir de forma pesada os efeitos da crise angolana a partir de 2014 - motivada pela queda abrupta do valor do petróleo -, sublinhando anualmente, durante as apresentações regulares de resultados impostas pelas regras bolsistas, que os menores volumes de negócios chegam de uma deterioração do seu desempenho em terras angolanas.

Durante o ano de 2017, onde mais uma vez surge no topo das origens dos lucros fora do país de origem da Shoprite, com 13 por cento, Angola foi igualmente a origem da maior ameaça à rentabilidade deste gigante do retalho sul-africano, principalmente devido à sua inflação superior a 20 por cento, agravando-se esta perspectiva para 2018 com a questão da crescente desvalorização da moeda nacional, o Kwanza.

Uma esperada dimnuição da inflação, que na última avaliação oficial é apontada em baixa dos 20 por cento,é a boa notícia para a Shoprite, embora a reduzida dimensão desse ganho não mereça qualquer sublinhado do grupo no contexto de apresentação dos resultados e na definição de perspectivas para 2018.

Alguns analistas sul-africanos, citados pela imprensa local a propósito da divulgação de resultados da Shoprite, lembram, como é o caso de Syd Vianello, citado pelo Business Day, que com uma hiperinflação pode-se caminhar para a fragilização e perda de robustez na consolidação do negócio em Angola.

Ainda sobre o negócio angolano do retalhista sul-africano, se as 30 lojas em Angola fossem subtraídas do negócio global fora da África do Sul, estima a Shoprite na documentação relativa ao balanço dos últimos 12 meses, o resultado seria de mais 3 por cento em vendas, o que contrasta de forma robusta com os mais de 30 por cento do ano anterior.

Angola é ainda apontada pelos analistas sul-africanos como uma espécie de galinha dos ovos de ouro da Shoprite, porque, entre outras razões, tem sido responsável pelos elevados "ratings" do grupo.

Face a essa realidade, como notam ainda os mesmos analistas, com estes resultados a partir do negócio angolano do gigante do retalho sul-africano, uma revisão do "rating" da Shoprite tornou-se inevitável.