João Lourenço afirmou mais uma vez que foram dadas orientações precisas à polícia e ao Banco Nacional de Angola para a sua "responsabilidade", referindo-se às novas chefias que estas instituições têm, no combate a esse problema da economia angolana que é o negócio ilegal e paralelo de divisas, defendendo não ser verdade que o país não tem divisas, apontando que estas apenas estão onde não deviam estar, no mercado paralelo.

A questão da existência de um milionário mercado informal de divisas, cujo segredo é por demais evidente, a passagem ilegal de divisas do interior das instituições bancárias para as maõs das kinguilas com lucros chorudos a rodar diariamente, tem sido um dos pontos críticos apontados por organizações internacionais parceiras de Angola, como o Fundo Monetário Informal ou o Banco Mundial.

João Lourenço, para uma plateia preenchida por empresários e membros do seu Governo, sublinhou que em Angola os dólares e os euros não estão nos bancos mas sim "noutros locais", para deixar em evidência que os "outros locais" não são o lugar apropriado para as divisas do país, cuja crise começou entre 2013 e 2014 por causa da queda abrupta do preço do barril de petróleo.

E a este propósito, João Lourenço fez questão de dizer que, para quem ainda sonha com o regresso dos tempos áureos do petróleo a mais de 100 USD por barril, apesar de alguns analistas internacionais acreditarem que isso possa vir a acontecer de novo, que esses tempos "já lá vão" e que tarde ou nunca mais vão regressar, que é o mesmo que dizer que a abundância de divisas não será vista outra vez em Angola.

E sobre o mistério das divisas que passam dos bancos para a rua com largos lucros para os intermediários, o Presidente da República disse, citado pelo JA: "Por razões que desconhecemos, todo o mundo sabe onde estão, mas ninguém faz nada".

Estas palavras de Lourenço foram proferidas em resposta a questões de membros da comunidade angolana na África do Sul, que se debatem com o extenso problema da falta de divisas em Angola e das respectivas transferências.

A questão foi ainda retomada pelo Chefe de Estado, nesta sua primeira visita de Estado desde que assumiu o cargo, para lembrar que a escassez de divisas não resulta apenas dos esquemas, é também fruto da escassa diversificação da economia e das parcas fontes de receitas devido à dependência do petróleo para o efeito.