Mais de 200 contentores de lixo hospitalar, mas também proveniente de indústrias, chegaram à Tunísia como forma de Itália se ver livre de milhares de toneladas de lixo que, se fosse tratado na Europa, e de acordo com as regras europeias, ficaria muito mais caro que simplesmente exportá-lo para o outro lado do Mediterrâneo.
Mustapha Aroui foi demitido do cargo e depois detido pelas autoridades tunisinas em conjunto com um grupo de mais de 20 pessoas, no qual estão alguns responsáveis de topo do sector das alfândegas, diplomatas e do departamento público que gere o lixo e a sua reciclagem e tratamento.
A detenção e a demissão do ministro ocorrem face ao evidente desrespeito pelas lei tunisinas ambientais, e o crime teve como mote a falsificação de documentação da carga dos 200 contentores, identificada como restos de plásticos mas que na verdade era lixo hospitalar e outros de origem diversa.
Recorde-se que nas últimas décadas têm-se repetido os casos de criação de aterros ilegais em países africanos para depósito de milhões de toneladas de desperdícios que os países ocidentais, na maioria europeus, mas também asiáticos, como forma de se verem livres de resíduos tóxicos ou altamente poluentes, cujo tratamento nestes países tem custos elevados.
Corromper governantes para fecharem os olhos tem sido mais barato, embora medidas profilácticas para este tipo de crimes estejam a ser implementadas, como é o caso do Gana, país onde, nos últimos anos, foram descobertas montanhas de material informático decadente, especialmente partes com compostos tóxicos.
Milhares de pessoas adoeceram gravemente no Gana, mas também noutros países africanos, por causa de envenenamentos com os resíduos contidos nas partes, especialmente metais raros, de computadores antigos que são procurados para recuperar partes que são, depois, reexportadas para países como a China já livres das componentes indesejadas.