As forças militares francesas que estão nesta região - o Sahel é uma vasta zona árida entre o deserto do Saara e as regiões de transição para sul - há vários anos têm sofrido dezenas de baixas enquanto os países em causa têm visto centenas dos seus militares tombarem às mãos de jihadistas integrados em grupos ligados à Al Qaeda ou ao estado islâmico, como o Boko Haram, entre outros, como o casos dos 89 mortos entre as forças armadas do Níger na semana passada, num ataque a um aquartelamento próximo de Chinagoder, no oeste do país.

Perante uma crescente vaga de contestação no seu país ao envolvimento de militares franceses no combate ao terrorismo em África, o Presidente Emmanuel Macron organizou um encontro de alto nível com os seus homólogos do Níger, do Mali, Chade, Burkina Faso e Mauritânia - denominado G5 -, na cidade de Pau, no sul de França.

A par da contestação interna ao envolvimento de militares franceses nestes combates, também em África a França enfrenta um crescente sentimento antifrancês, especialmente nestes cinco países, que conduziu a uma situação melindrosa onde o crescendo dos ataques jihadistas começam a ser relacionados com a presença das tropas enviadas por Paris, o que levou Macron a dizer publicamente que retiraria as suas forças se não for encontrado um ponto de entendimento com os Governos do G5.

Em causa está a exigência de um maior empenho destes países na formação de unidades para combater os jihadistas e a assinatura de um acordo político claro nesse sentido, fazendo aumentar dessa forma o apoio local aos 4.500 militares que a França tem na região e para onde admite agora enviar mais umas centenas até ao máximo de 220.

O que este novo comando central de coordenação para as operações militares contra os grupos ligados à Al Qaeda e ao estado islâmico tem pela frente e como principal problema é a existência agora, depois de anos a fio de inacção, de vastas porções de territórios nestes países onde não existe qualquer controlo, estado nas mãos dos jihadistas, a partir de onde organiza as suas acções de terror, especialmente ao gerar conflitos étnicos entre as comunidades locais - islâmicas e cristãs ou animistas - que sempre viveram pacificamente lado a lado.

Isto, porque, citado pelas agências, como o Presidente do Burkina Faso, Marck Kabore denunciou, "os resultados desta luta contra o terrorismo, estão muito abaixo das expectativas", sendo essa a razão pela qual está a ser feito agora este esforço de mudar o posicionamento dos países envolvidos.

Daí ter sido criada uma nova estrutura denominada Coligação para o Sahel, juntando as tropas do G5 e de França, e ainda outras que possam ser envolvidas no futuro, que comandará todas as acções, sejam militares sejam de "intelligentsia".

Depois de a França fazer chegar à região mais 220 militares, esta Coligação espera que outros países europeus possam ceder unidades de elite para ajudar neste combate ao jihadismo no Sahel.

Ainda para mais quando existe a possibilidade de os Estados Unidos procederem à retirada dos seus meios da região, que são uma fundamental fonte de informação, o que levou o Presidente francês a lamentar tal possibilidade.

"SE os americanos saírem mesmo da região, isso seria muito más notícias para nós. Espero conseguir convencer o Presidente Donald Trump de que o combate ao terrorismo mundial também passa por esta região", disse Macron, citado pela AFP.