Diego tem como "medalha" ao peito o mérito de ser o salvador da espécie e é por isso que, agora, ao fim de décadas, as autoridades ambientais do Equador, país do qual faz parte o arquipélago das Galápagos, puseram-no, a ele e a mais umas quantas fêmeas e machos seus filhos, num barco para rumarem à ilha Española, remota e inabitada, de onde é natural - apesar de um tortuosa e empolgante história de vida que passa pela Califórna, EUA.

Depois de tantos anos dedicado a salvar a espécie, Diego está agora livre para se ocupar apenas com pastar à vontade sem quaisquer responsabilidades que não seja dedicar as suas últimas décadas de vida a si mesmo, às delícias do "dolce far niente".

"Este é um importante passo e o fecho de um capítulo" na gestão do parque natural das Galápagos, disse nas redes sociais, citado pela AFP, o ministro equatoriano do Ambiente, Paulo Proano, acrescentando que Diego, progenitor de pelo menos 800 tartarugas gigantes, embarcou de regresso à sua terra natal com mais 25 indivíduos da sua espécie, entre fêmeas e machos.

Diego foi, e ainda é, uma "máquina sexual - sex machine" e foi graças a essa prolífica actividade reprodutiva que a sua espécie de tartaruga gigante - uma entre 15 conhecidas, sendo que destas apenas restam 10 - sobreviveu, não estando, para já, acabada a sua capacidade reprodutiva, apenas deixou de ter essa responsabilidade.

Esta superstar das Galápagos tem, aos 100 anos, pelo menos, potencialmente, mais 50 pela frente, tendo em consideração que a mais velha conhecida, em estado selvagem, até hoje da sua variedade chegou aos 152 anos de vida e cerca de 250 quilos mas outra, em cativeiro, viveu até aos 170. Nenhum outro vertebrado vive, em média, tanto tempo.

A história de fama e glória de Diego começou há 50 anos, nos idos de 1960, quando existiam apenas 12 fêmeas e dois machos da sua espécie (Chelonoidis hoodensis) vivos e todos na ilha de Española, tendo então, face ao risco de extinção iminente, sido iniciado um programa de reprodução em cativeiro no parque natural de Santa Cruz, Ecuador.

Mas Diego não estava entre estes últimos exemplos em estado selvagem, Diego chegou ao centro de reprodução oriundo de um zoo na Califórnia, em San Diego, onde rapidamente se revelou como um fervoroso macho reprodutor, ao contrário dos seus "primos" que estavam em estado natural e menos despertos para a urgência da missão que lhes fora destinada: salvar a sua própria espécie!

Mas sabe-se, através de arquivos investigados e testes genéticos, que foi apenas um regresso a casa, porque Diego tinha, de facto, sido levado da ilha Española no início dos anos de 1920, por uma expedição científica norte-americana realizada por essa altura.

As tartarugas gigantes das Galápagos, um arquipélago no Pacífico, a cerca de mil kms da costa do Equador, na América do Sul, vivem em 10 das suas 13 ilhas e dezenas de ilhéus: Española, Fernandina, Floreana, Pinta, Pinzón, San Cristóbal, Santa Cruz, Santa Fé, Santiago e Isabela.

As Galápagos ficaram famosas quando, em 1835, o investigador, naturalista, biólogo e geólogo, ali aportou no navio Beagle, tendo descoberto dezenas de novas espécies para a ciência, incluindo as tartarugas gigantes, tendo o local sido fundamental para a arquitectura dos seus estudos sobre a evolução das espécies.

Calcula-se que no século XVI existiam mais de 250 mil indivíduos das várias espécies de tartarugas gigantes das Galápagos, o que contrasta vigorosamente com os escassos três mil que existem hoje, sendo que pelo menos 800 deles se devem à prolífica actividade reprodutora de Diego, "the sex machine".