As revelações recentes, inseridas no livro de Michael Cohen, antigo advogado de Donald Trump, sobre a forma rude como o actual Presidente dos EUA se referiu a Nelson Mandela quando este morreu, em 2013, tendo, então dito que se "f.... a África do Sul de alto a baixo" e que, graças a Mandela o país é agora "um buraco de m....".

"Que se f... Mandela, ele não era nenhum líder", concluiu Trump sobre Madina quando se deparou com a morte do homem que, depois de 27 anos de prisão, conseguiu fazer a transição do regime racista do apartheid para a democracia de forma pacífica, evitando os esperados banhos de sangue e construindo, ao mesmo, uma "Nação Arco-Íris".

Estas revelações deixaram várias organizações sul-africanas iradas, desde logo o Governo de Pretória, que considerou as palavras de Trump como "disparates", enquanto o ANC o apelidou de "misógino, divisionário e desrespeitoso".

O também Prémio Nobel da Paz de 1993, em conjunto com o último líder do regime do apartheid, de Klerk, é uma referência global para o diálogo e para a paz, razão pela qual o ANC acrescentou na sua resposta a Trump: "Nenhum amante da paz e da liberdade deixará de ficar estarrecido com estas palavras insultuosas", acrescentando que foram proferidas por alguém que "de maneira nenhuma pode ser considerado um exemplo de liderança competente".

"A vida de Mandela, a sua dedicação à paz e à justiça social, são um claro contraste com aquilo que se conhece de Donald Trump", apontou ainda o ANC

Também a Fundação Nelson Mandela reagiu às palavras ofensivas de Trump, defendendo que "lideres que se comportam como Trump, não estão em posição de tecer comentários com autoridade sobre a vida e a obra de Madiba".

A mesma fundação atirou contra Trump uma citação de Madiba: "Um bom líder pode debater de forma franca com um adversário, sabendo que, no fim, ele e a outra parte estarão mais próximos e ambos mais fortes, mas os arrogantes, superficiais e desinformados não pensam assim".

A Casa Branca já negou as informações inseridas no livro do antigo advogado de Donald Trump e o embaixador dos EUA na África do Sul garantiu igualmente que sempre que abordou temas relacionados com este país com o Presidente, só lhe ouviu palavras elogiosas para a África do Sul.

Recorde-se que já em 2018 estourou polémica semelhante quando a imprensa norte-americana revelou que Trump se referiu aos países africanos como buracos de merda.