Pode parecer uma brincadeira, mas não é. Um país que quer subir no ranking da transparência e da liberdade de imprensa tem de apostar no contraditório e não na contradição. Na pluralidade de opiniões e não depender de uma única fonte estatal. Não podemos estar numa corrida para ganhar minutos de fama com notícias que acabam por mais tarde ser desmentidas, mas que danificam a imagem e o bom-nome dos atingidos.
Divulgar informações sem apurar devidamente os factos nem obter resposta dos inculpados não é só mau jornalismo como roça a tendencioso. Quando esta prática é contínua, a sombra sobre a pseudoimparcialidade e a narrativa da desconfiança toma conta dos receptores mais atentos que ficam com dúvidas sobre tudo quanto é noticiado. Independentemente de quão grave os assuntos são, tem de haver informação imparcial. A bitola não pode ser causar danos, mas, sim, informar com imparcialidade, que não é nem de um lado e nem do outro.
Fazer com que as notícias voem nas asas de uma aeronave que foi alegadamente usada de forma ilegal e abusiva sem obter o contraditório é preocupante. Do mesmo modo, é igualmente incompreensível um discurso musculado sobre acções violentas no Leste do País sem ouvir a outra parte. São apenas dois exemplos recentes de um conjunto de situações que se estão a tornar comuns e frequentes e, com isso, certamente passarão a ser consideradas como "normais".
Os factos devem ser reportados como eles são e sustentados pelas opiniões das partes interessadas. Grafar com isenção e imparcialidade deve ser um exercício natural. Os danos causados por notícias incompletas, sem o contraditório, são exacerbados pela facilidade que existe em partilhar tais notícias nas redes sociais. Basta um clique para amplificar o dano!