Projectos como estes são testemunhos da indiferença arrogante e ou da ambição desmedida de altos funcionários do Estado, que, não obstante os alertas lançados por vozes discordantes em relação a este tipo de caminhos que seguíamos e sugestões, que baseadas em evidências apontavam soluções alternativas, optaram por insistir. Vimos hoje os resultados que se verifica. Alguns destes projectos acabaram por falir de modo próprio. Contudo, muitos dos investimentos feitos nessa época e desta forma continuam a existir, embora de forma agonizante e gerando custos aos cofres públicos que muito pouco podem fazer para a sua manutenção.
Hoje, já sob o que se convencionou chamar de novo paradigma, é perturbador o facto de que, embora a um nível de longe inferior à época anterior, ainda se registram casos que nos fazem pensar que, se calhar, ainda persistem algumas irregularidades ou anomalias que fazem que continuemos a ser confrontados com situações de indiferença de algumas autoridades locais e nacionais, perante os danos causados pelas suas decisões. Será fruto do famoso slogan "renovar na continuidade"? Ou são os velhos vícios que tendem a surgir em tempos que se querem novos?
A ideia segundo a qual "o chefe é que sabe e por isso só ele é quem manda" criou entre nós uma cultura segundo a qual os "chefes" são os únicos que sabem o que é melhor para todos e todas - e, por isso, as suas pretensões devem ser sempre aplaudidas e nunca questionadas pelos cidadãos que, por via da regra, não percebem bem o que é bom para eles - não parece ter sido completamente banida.
(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)
*Coordenador do OPSA