À 25.ª hora, porém, despertei de um longo pesadelo. Abandonei a minha condição de "idiota inútil", como diria Lenine, e deixei de casquinar risadas imbecis em torno de uma idolatria patética, que se está a descarnar vítima de uma cirurgia plástica com defeito de chaparia...

Como Fernando Pessoa, aqui também criamos os nossos fingidores e, por isso, concluída a autópsia do tempo presente, acabei por desistir.

Desisti por entre uma herança de fortunas de saque extraídas de um tempo em ruínas, que assiste à despedida de um dragão que, vagueando como uma aranha entre as sombras de Othello, se apresenta hoje entontecido pelo eflúvio de Desdemona...

Desisti esmagado pela decadência psiquiátrica de um legado que, nos últimos tempos, teve tanto de folclórico quanto está a ter agora de nojento:

"O antigo Presidente" deixou-se "transformar num Deus vergado à sabujice de um culto de personalidade só comparável à paranoia reinante no regime demencial instalado na Coreia do Norte"...

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