O ministro do interior, Eugénio César Laborinho, disse esta quinta-feira, em Luanda, que o País continua a registar, a nível das províncias afectadas pela seca, um índice elevado de desnutrição aguda e abandono escolar.

O ministro fez essa declaração aos jornalistas na abertura da primeira reunião da Comissão Nacional de Protecção Civil (CNPC) com membros do Executivo, que decorreu ao início da manhã de hoje, quinta-feira, 9, nas instalações do Ministério do Interior.

"Apesar dos esforços empreendidos do Presidente da República, João Lourenço, para apoiar as populações afectadas pela seca, continua-se a registar, a nível das províncias afectadas pela seca, um índice elevado de desnutrição aguda, abandono escolar e absentismo dos alunos", afirmou.

O governante apelou ao envolvimento de todos os departamentos ministeriais e governos provinciais para que sejam mais activos em prol do interesse público, face às calamidades que ocorrem no país.

"Em Angola, registámos, ao longo do ano transacto, na parte sul do País, uma seca severa sem precedentes, cujas consequências afectaram as províncias do Cunene, Huíla, Namibe, Kuando Kubango, parte das províncias do Kuanza Sul e Benguela, provocando danos em 488 localidades, afectando 1.789.376 pessoas, o que representou um total de 355.892 famílias, bem como 2.246.050 cabeças de gado bovino, 1.200.000 caprinos e ovinos, assim como na morte de 30.823 animais", disse o ministro, salientando que a seca em Angola atingiu contornos alarmantes e com maior incidência social das famílias que vivem em zonas rurais.

"Esta situação tornou difícil o desenvolvimento da agricultura e da criação dos animais, devido à falta de água, provocando, desta forma, a escassez de recursos económicos e de alimentação, gerando fome e miséria", referiu.

O ministro do Interior aproveitou a ocasião para lançar um repto à sociedade civil, no sentido de continuar a prestar os apoios necessários às vítimas da seca e outras calamidades, "sendo certo que os responsáveis que recebem e armazenam esses bens, o farão, dentro dos parâmetros legais, caso contrário serão responsabilizados de acordo com os normativos legais", comunicou.

"Nos últimos dias, temos vindo a assistir a quedas pluviométricas em proporções elevadas, causando inundações, destruição de infraestruturas e plantações, e sobretudo nas vidas das populações. Tal como o fornecimento de água potável e energia eléctrica, corte de vias de comunicação, dificultando, deste modo, o crescimento socioeconómico do país, com principal realce para as províncias de Luanda, Bié, Benguela, Huambo, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Lunda-Sul e Norte, Malange, Namibe, Uíge e Zaire", explicou, revelando que o impacto negativo causou um total de 41 mortos, 2.498 famílias afectadas, correspondendo a 11.990 pessoas que directamente sentiram os efeitos prejudiciais das enxurradas, bem como 378 residências destruídas, 975 residências inundadas, 12 igrejas destruídas e quatro pontes destruídas.

Eugenio Laborinho fez saber ainda que as chuvas estão a criar ravinas, que afectam as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Uíge, Zaire, Moxico, Cuando Cubango, Malanje e Bié, e estão a progredir de forma assustadora, ameaçando o corte da movimentação por estradas e poderão destruir infraestruturas, bem como o desenvolvimento destas localidades.

"Neste sentido, e com vista a melhorar as actividades que temos vindo a levar a cabo, está em curso a adopção de uma nova abordagem da actividade de protecção civil em Angola, que pretende conferir, em todo o seu processo, a realização de acções e planos que visam evitar a criação de novos riscos, redução dos existentes, garantir uma gestão de crise e emergência eficaz, inclusiva e participativa", finalizou.