"O tempo urge", disse o líder africano, perante o co-presidente desta 9ª edição da TICAD, o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba, para que África encontre o caminho mais rápido para o seu desenvolvimento e responder às necessidades dos seus povos.
"Porque o tempo urge, temos que andar depressa para recuperarmos o atraso que se registou na implementação dos planos nacionais e os do continente em geral, por forma a conseguirmos satisfazer as necessidades fundamentais das populações", disse.
O Presidente angolano e, presentemente, da União Africana, defendeu como fundamental e urgente resolver as questões essenciais, da saúde, à educação, passando pela segurança alimentar, a construção de infra-estruturas de transporte e energéticas, entre outras, porque só dessa forma será possível avançar para as próximas etapas.
"Chegámos até aqui com uma acumulação de experiências que nos permitem hoje reorientar as nossas estratégias de cooperação, centrando-as na ideia da criação partilhada de soluções inovadoras, sem perder de vista os principais interesses de África, reflectidos na Agenda 2063 que, resumidamente, traça as grandes linhas que nos orientam no sentido da diversificação das economias africanas", apontou..
João Lourenço lembrou as muitas fragilidades que o continente apresenta, algumas delas aumentadas com as crises globais, económicas ou a pandemia da Covid, que geraram novos constrangimentos mas que trouxeram uma renovada evidência de que é preciso acelerar os processos e investimentos para desbloquear esses mesmos constrangimentos.
"Temos que andar depressa para recuperarmos o atraso que se registou na implementação dos planos nacionais e os do continente em geral, por forma a conseguirmos satisfazer as necessidades fundamentais das populações", enunciou.
E deixou uma certeza: "A questão central no continente africano assenta sobre o que temos de fazer rapidamente para resolver o problema da pobreza e, neste sentido, dou um especial realce aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma ferramenta útil que, associada `a Agenda 2063 da União Africana, tem uma função impulsionadora se as implementarmos com empenho na resolução dos problemas mais críticos de África".
Mas alertou para a possibilidade de, além dos seus problemas idiossincráticos, África estar, mais uma vez, na iminência de enfrentar novos e difíceis desafios oriundos de fora, coomo sejam a "volatilidade crescente (na política internacional) e o ressurgimento do proteccionismo e das tensões geopolíticas" que põem "claramente em risco a ordem mundial baseada no direito internacional e nas normas universais que regem as relações entre os Estados".
Dirigindo-se ao país que acolhe esta edição da TICAD, Lourenço lembrou que "o Japão tem sido um parceiro coerente e fiável de África" sendo "Angola, um dos exemplos" do que referiu, beneficiando de projectos estruturantes de grande importância para a economia, financiados em condições bastante favoráveis pelo Japão.
"Tendo o Japão, na sua relação financeira com a África, uma atitude que se diferencia da de muitos outros credores internacionais do vosso porte, é oportuno referir que o continente africano continua a deparar-se com barreiras persistentes e um acesso limitado e sinuoso ao financiamento internacional", denunciou.
E acrescentou que essa situação se está a agravar "uma vez que muitos países africanos são considerados mutuários de alto risco, dificilmente elegíveis ao capital de baixo custo, que é absolutamente essencial para o investimento em infra-estruturas, a electrificação, a industrialização e o avanço tecnológico".