Esta decisão, que já foi tomada há mais de uma semana, visa a ocupação total da capital do território, onde vive a maior parte da população do território se se contabilizar a sua periferia, o que significa que um milhão de pessoas vão voltar a ser colocadas sob forte pressão para conseguirem sobreviver.
Apesar de o primeiro-ministro Benjamin Netanyhau já ter dito que estas pessoas vão receber apoio alimentar e médico, isso está longe de ser uma garantia porque nas outras ocasiões em que tal sucedeu, quando os israelitas juntaram centenas de milhares na área de Rafah, no sul, também essas promessas foram mas nunca cumpridas.
E isto assume especial perigo quando toda a infraestrutura civil de Gaza, desde escolas a hospitais, passando pelos centro de distribuição de ajuda humanitária, foram já totalmente destruídos pelas Forças de Segurança de Israel (IDF).
Além disso, desde 08 de Outubro de 2023, um dia depois do assalto do Hamas e da Jihad Islâmica ao sul de Israel, onde deixaram um rasto de mais de mil mortos, as IDF já mataram mais de 63 mil civis palestinianos, sendo que destes mais de metade são crianças (quase 30% do total de vítimas), mulheres e idosos.
A invasão israelita resultou na destruição de todo o património edificado em Gaza, onde mais de 85% das casas e edifícios estão em ruínas, com a população, de uma forma ou de outra, está toda, cerca de 2,2 milhões, a viver fora das suas casas e a maior parte em campos de concentração onde a ajuda escasseia e o futuro é mais que incerto.
Agora, com a deslocação forçada da Cidade de Gaza- Gaza City, o problema humanitário vai, seguramente, como tem advertido a ONU e as ONG's no terreno, agudizar-se, sem que existam quaisquer garantias concretas de que a sua condição de segurança humanitária mínima poderá ser mantida.
O objectivo do Governo israelita é, segundo Benjamin Netanyhau, garantir que a população civil deixa as áreas de combate do maior centro urbano do território com apenas 365 kms2 para 2,2 milhões de pessoas, uma das maiores densidades populacionais do mundo, onde é impossível fazer uma ofensiva militar, mesmo de pequena dimensão sem matar um grande número de civis.
As Nações Unidas alertam para o facto desta medida estar a empurrar muitas famílias, que já vivem um drama humanitário sem precedentes (ver links em baixo), para o abismo da fome e da morte por doenças que normalmente são facilmente tratada e que a Comunidade Internacional apelida crescentemente de genocídio.
O Hamas já fez saber que a entrada das IDF em Gaza vai ser recebida com a oposição armada empenhada dos seus combatentes.
Entretanto, depois de quase dois anos passados desde o início da invasão israelita, nenhum dos três objectivos anunciados por Telavive foi conseguido, seja a libertação de todos os reféns, seja a destruição do Hamas, que o major-general Agostinho Costa, especialista militar, lembra que são apenas umas dezenas de milhares de homens somente armados com armas ligeiras e sapatilhas, ou a ideia de que Gaza deixaria de ser um risco constante para Israel.
E essa é uma das razões apresentadas por milhares de israelitas que este fim-de-semana saíram para a rua em protesto contra a guerra exigindo o seu fim imediato e a libertação dos reféns, não sendo totalmente claro se uma das maiores manifestações deste Outubro de 2023 surgiu do cansaço da guerra ou da percepção de que a via militar não vai levar à libertação dos israelitas ainda nas mãos do Hamas e da Jihad Islâmica.
Recorde-se que a 07 de Outubro os grupos de resistência islâmica, considerados no Ocidente como terroristas, entraram em Israel, de uma forma que tem vindo a crescer em suspeição sobre a sua génese, especialmente no papel que Netanyhau teve nesse momento, e levaram perto de 250 reféns para Gaza.
Entre esses, já foram libertados várias dezenas e muitos morreram durante os bombardeamentos israelitas, restando cerca de 30 vivos e os corpos de alguns dezenas, que os manifestantes exigem agora ver libertados com o fim da guerra, como o Hamas exige para os libertar.