Na véspera das comemorações dos 54 anos de existência da UNITA, a ser assinalada na próxima sexta-feira, 13, Samuel Chiwale, co-fundador do projecto político do maior partido da oposição, diz que a sua organização política vai continuar a resistir à "opressão" do MPLA até tomar poder com a maioria do voto popular em 2022, período que estará a comemorar os 56 anos.

"Não foi fácil chegar aos 54 anos pelos caminhos difíceis que a UNITA tem passado, conseguimos resistir durante 54 anos. Não é nada fácil. A UNITA nasceu do nada, veio crescendo e depois perdemos o nosso presidente Dr. Jonas Malheiro Savimbi, e mesmo assim a UNITA conseguiu resistir e hoje a UNITA está no patamar onde se encontra. O que significa que quem aposta em derrotar a UNITA, aposta pelo seu próprio fracasso porque a UNITA não se derrota", disse ao Novo Jornal Samuel Chiwale, deputado na Assembleia Nacional.

É dos últimos movimentos que dedicou na luta de libertação que se encontrava refém do colonialismo português. Tornou-se numa das maiores forças políticas que, desde a independência do país, em 1975, corre atrás do poder político, dominado pelo MPLA.

No seu percurso dos 54 anos, a UNITA, fundada por Jonas Savimbi, conseguiu, segundo os militantes, "impor a sua agenda idealizada em Mwangai em 1963 para Angola", que tem a ver com a implementação do multipartidarismo conseguida em 1992, altura em que o país realizou as primeiras eleições democráticas.

Com a morte de Jonas Savimbi, o «guia imortal» dos «maninhos», criou-se a expectativa de que seria o fim do partido do «galo negro». O antigo comandante das extintas Forças de Libertação (FALA) diz que o desaparecimento físico do líder "foi, portanto, uma mera paragem de alguns minutos e retomámos a marcha e elegemos o novo presidente, que foi o presidente Samakuva, que dirigiu a UNITA com muita garra durante 15 anos e hoje elegemos o terceiro presidente do partido".

Adalberto Costa Júnior eleito no XIII congresso ordinário do partido é o terceiro presidente do «galo negro». É dele que se espera a concretização do sonho dos «maninhos» em governar Angola, tal como diz com grande optimismo Samuel Chiwale.

A UNITA, segundo o também general reformado Chiwale, "é uma oposição moderna que inspira libertar o povo angolano que ainda se encontra colonizado, porque até hoje o povo angolano não está livre e agora com esta roubalheira que aconteceu no país, a UNITA continua a dar os bons exemplos na via da continuidade. Por isso, a UNITA vai continuar a lutar até vencer", diz com segurança o co-fundador.

Para figura tida como uma autoridade moral no partido liderado agora por Adalberto Costa Júnior, o alcance do poder político deve estar em primeiro lugar em todas as estratégias que forem traçadas no partido. O deputado Samuel Chiwale afirma que a sua organização não pode ficar de braços cruzados vendo o seu adversário MPLA "roubar o bem do povo e voltar a deixar o país na miséria, tal como deixou José Eduardo dos Santos".

Dos jovens que estão no partido espera-se persistência para que contribuam para a realização do grande sonho da família UNITA: a conquista do poder político.

No âmbito dos festejos dos 54 anos do «galo negro», o NJ ouviu o deputado Nelito Ekuikui, de 31 anos, secretário provincial do «galo negro» em Luanda, a maior praça eleitoral do país.

O dirigente, que é o deputado mais jovem na Assembleia Nacional, aponta como grande fracasso da UNITA o facto de o partido não concluir o processo eleitoral de 1992 e também a morte de Jonas Savimbi.

Ekuikui diz que o partido não pode continuar a lamentar os fracassos. Para o jovem, este é o momento de encontrar o mecanismo para governar Angola.

"Chegar ao poder não é uma questão de honra. É uma questão de salvar o país e materializar o que foi idealizado em Mwangai. A UNITA tem de ter a oportunidade de chegar ao poder e exercê-lo e o povo julgar um dia", frisou.

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